PERFIL
transparentes monogramadas e equipadas com luxuosas
correntes de cerâmica.
Na coleção a pele é substituída por plástico transparente e o
classicismo por berrantes cores de neon, ainda que o
branco tenha sido protagonista. Os sapatos foram uma das
grandes atrações do desfile, não esquecendo os
complementos, que são parte da essência da marca e cujo
cunho foi mantido por Virgil, ainda que de forma pessoal.
O criador deu a conhecer os “acessmorphosis”, uma palavra
do seu imaginário que descreve acessórios convertidos em
vestuário. O resultado inclui coletes com bolsos que são,
realmente, nécessaires anexos, ou artigos de couro que são
transformados em arneses de couro fluorescentes.
A passarela esteve abarrotada de ideias de sportswear
superluxuosa. No entanto, Abloh conseguiu manter a sua
estética suficientemente longe da moda demasiado
esportiva e das peças high-tech, fazendo que, de repente,
parecerem desatualizadas as propostas apresentadas no
fim de semana passado em Milão.
No final, Abloh subiu à passarela para saudar o público, mal
contendo as lágrimas enquanto todos aplaudiam.
"Fantastique!", disse entusiasmado o rei do luxo, o
presidente da LVMH e chefe de Abloh, Bernard Arnault,
enquanto prestava homenagem, juntamente com os seus
três filhos, ao designer.
De certa forma, este projeto começou há uma dúzia de
anos, quando Michael Burke, CEO da Vuitton, conheceu
Abloh no Japão. Por altura de um evento da Fendi em
Tóquio, em 2006, Kanye West, que fez uma aparição,
apresentou Burke a Abloh, que fazia então parte da sua
equipe de design.
“Assim que conheci Virgil soube que faria algo com ele. Ele
tinha aquela magia que se consegue reconhecer nas
pessoas realmente criativas. Devo o dia de hoje a Kanye, e
agradeço-lhe por isso”, concluiu Michael Burke, CEO da
Vuitton, em frente ao local onde o maior revolucionário de
todos, Georges Danton, foi preso pela primeira vez.
Uma das características dessa indústria é traduzir o espírito
dos nossos tempos. Vem daí um dos méritos desse desfile,
dessa nova fase da marca – e da moda. Ame-a ou deixe-a.
8 - REVISTA AMOORENO - JULHO 2018