formar um enorme engarrafamento no exterior do
quartel da Guarda Republicana, em paris. No interior,
não faltavam designers. Karl Lagerfeld sentou-se junto
a Bernard Arnault, presidente do grupo LVMH e
proprietário da Dior, e a primeira fila contava com
outros diretores criativos do grupo, como Virgil Abloh e
Kris Van Assche (antecessor de Jones na Dior Homme)
e ainda Kenzo Takada, Stefano Pilati, Chitose Abe,
Giles Deacon e num gesto de fair play, Haider
Ackermann, que na primavera foi despedido da Berluti,
outra casa do grupo LVMH.
Arnault tem fama de querer que, nas suas maiores
casas de moda, os designers organizem grandes
desfiles, e Jones não decepcionou. A agência de
eventos Villa Eugénie construiu um enorme anfiteatro
de andaimes – digno de uma batalha de gladiadores –
e cobriu-o com um enorme guarda-chuva chinês. No
centro, uma estátua verdadeiramente maravilhosa, com
1 2 metros de altura, da autoria do artista Kaws,
representando BFF, a sua famosa personagem.
Entre as suas patas, o gigante BFF preto e rosa
agarrava um cachorro de cerâmica de um metro
chamado Bobby, em honra ao adorado cão do próprio
Dior Homme SS/19
Dior Homme SS/19
Monsieur Dior, utilizado como frasco de perfume. Foi a
primeira de múltiplas referências ao fundador da casa
numa coleção bem-sucedida, mas não muito brilhante.
As notas do programa incluíam uma citação de
Christian Dior junto de uma das suas adoradas
abelhas: “Et quando on prend la nature pour référence,
on NE peut pás vraiment se tromper”. Ou seja, quando
temos a natureza como referência, nunca nos podemos
enganar.
Durante todo o desfile, apareceram muitas flores,
especialmente durante uma explosão de bordados
florais, adornados com plumas de Lemarié cobertas
com plástico. Tudo muito fotogênico.
Dito isto, a alfaiataria de Kim Jones nunca foi tão bem
dominada. Fo bom vê-lo aventurar-se no corte de um
casaco completamente novo numa casa famosa pelos
seus tailleurs. A ideia de Kim Jones: um casaco
trespassado, chamado Oblique, usado aberto, mas
preso com uma correia cruzada. Já o casaco com
riscas verticais que abriu o desfile era simplesmente
perfeito. De acordo com as notas do programa, eram
uma referência à coleção outono-inverno de 1 950 da
Dior, ainda que, para alguns, parecessem referir-se a
JULHO 2018 - REVISTA AMOORENO - 25