Revista Amooreno Edição 06 - JUL2018 | Page 25

formar um enorme engarrafamento no exterior do quartel da Guarda Republicana, em paris. No interior, não faltavam designers. Karl Lagerfeld sentou-se junto a Bernard Arnault, presidente do grupo LVMH e proprietário da Dior, e a primeira fila contava com outros diretores criativos do grupo, como Virgil Abloh e Kris Van Assche (antecessor de Jones na Dior Homme) e ainda Kenzo Takada, Stefano Pilati, Chitose Abe, Giles Deacon e num gesto de fair play, Haider Ackermann, que na primavera foi despedido da Berluti, outra casa do grupo LVMH. Arnault tem fama de querer que, nas suas maiores casas de moda, os designers organizem grandes desfiles, e Jones não decepcionou. A agência de eventos Villa Eugénie construiu um enorme anfiteatro de andaimes – digno de uma batalha de gladiadores – e cobriu-o com um enorme guarda-chuva chinês. No centro, uma estátua verdadeiramente maravilhosa, com 1 2 metros de altura, da autoria do artista Kaws, representando BFF, a sua famosa personagem. Entre as suas patas, o gigante BFF preto e rosa agarrava um cachorro de cerâmica de um metro chamado Bobby, em honra ao adorado cão do próprio Dior Homme ­ SS/19 Dior Homme ­ SS/19 Monsieur Dior, utilizado como frasco de perfume. Foi a primeira de múltiplas referências ao fundador da casa numa coleção bem-sucedida, mas não muito brilhante. As notas do programa incluíam uma citação de Christian Dior junto de uma das suas adoradas abelhas: “Et quando on prend la nature pour référence, on NE peut pás vraiment se tromper”. Ou seja, quando temos a natureza como referência, nunca nos podemos enganar. Durante todo o desfile, apareceram muitas flores, especialmente durante uma explosão de bordados florais, adornados com plumas de Lemarié cobertas com plástico. Tudo muito fotogênico. Dito isto, a alfaiataria de Kim Jones nunca foi tão bem dominada. Fo bom vê-lo aventurar-se no corte de um casaco completamente novo numa casa famosa pelos seus tailleurs. A ideia de Kim Jones: um casaco trespassado, chamado Oblique, usado aberto, mas preso com uma correia cruzada. Já o casaco com riscas verticais que abriu o desfile era simplesmente perfeito. De acordo com as notas do programa, eram uma referência à coleção outono-inverno de 1 950 da Dior, ainda que, para alguns, parecessem referir-se a JULHO 2018 - REVISTA AMOORENO - 25