SEMANA DE MODA MASCULINA EM MILÃO
A
Semana de Moda Masculina de Milão
apresentou, ao longo dos seus quatro dias, um homem
acima de tudo bonito, jovem e esportivo. Algumas
marcas apresentaram no seu casting alguns homens
elegantes de cabelos brancos, nos seus cinquenta
anos, como foi o caso da Dolce & Gabbana ou
Billionaire. Mas, a forte tendência desta semana
masculina dedicada às coleções de primavera-verão
de 201 9 foi o sportswear.
"É uma tendência que permanecerá durante anos. O
sportswear e o streetwear não estão prontos para sair
da cabeça das pessoas, sobretudo dos jovens! É
também o que nos permite aumentar o nosso
faturamento atualmente”, disse um varejista italiano.
Pensando nisso, Ermenegildo Zegna foi a marca que
incorporou o melhor da tendência, operando uma
verdadeira revolução estética sob a égide de
Alessandro Sartori, que conseguiu deixar cool a marca
que é o símbolo do tradicional prêt-à-porter italiano de
luxo. O designer baniu o terno tradicional do seu
guarda-roupa, misturando gêneros, padrões e peças,
mantendo um alto nível de sofisticação e elegância.
O terno ainda faz algumas aparições aqui e ali, mas,
totalmente, desconstruído. Combinando com jeans, e
vice-versa, na Versace, e colorido com as calças de
outra cor foram vistos na Prada. E, sem drama, usado
com uma gola alta ou tops florais, foi transformado
com calças bufantes na Sunnei, e oferecido em cores
chamativas ou como patchworks na Dolce & Gabbana.
O sportswear impôs-se. Além das sapatilhas, todo o
guarda-roupa
masculino
foi
radicalmente
transformado. Ele já vinha mudando há algumas
temporadas para um estilo mais confortável e
descontraído, mas agora o foco foi claramente o
sportswear.
Começando com o traje de treino, que permanece
como um novo traje masculino e foi visto inúmeros
casacos e calças em jersey e nylon bicolores,
decorados nas bandas laterais. O traje de treino
esteve disponível, em todas as cores, modelos e
materiais. A Dsquared2 até ousou propor um modelo
em couro.
O sportswear foi visível através das cores brilhantes,
bem como materiais técnicos usados para
14 - REVISTA AMOORENO - JULHO 2018
Apresentação final do desfile de Ermenegildo Zegna
confeccionar as roupas: nylon ultraleve e poliéster, para
um efeito de tela de paraquedas, neopreno, etc. Mas,
também através de silhuetas diretamente inspiradas no
mundo esportivo: a combinação calção de surfista na
M1 992, o nadador em roupão e touca da Marni, o
árbitro de futebol na Represent, o tenista da Plein
Sport, as meias e malhas com largas faixas coloridas
de rúgbi, etc.
Os calções também invadiram as passarelas em
versões como bermudas apertadas de ciclismo, calções
de corrida curtos ou um pouco mais largos, como os de
jogador de futebol. Miuccia Prada atualizou, por sua
vez, um modelo impresso em tamanho micro, como o
traje de banho vintage dos anos setenta. Em suma, os
calções estiveram em toda parte e foram muitas vezes
usados sobrepostos, como fazem os adolescentes de
hoje, que vestem roupa interior sob o seu traje de
banho.
Esta Semana da Moda, particularmente menos agitada
devido às deserções, inovou, acolhendo cada vez mais
desfiles mistos, mas também pré-coleções femininas
(além da Aalto, Alberta Ferretti e Stella McCartney). E
será lembrada, em particular, por dois desfiles
organizados em lugares espetaculares e emblemáticos
da arquitetura moderna de Milão: o de Ermenegildo
Zegna, realizado na sede da editora Mondadori, no
magnífico edifício projetado pelo arquiteto Oscar
Niemeyer, e o da Sunnei, encenado no último andar do
edifício Pirelli, construído por Gio Ponti.