Revista Amooreno Edição 05 - JUN2018 | Page 10

MOVIMENTO

O aplicativo para celular “ Moda Livre ”, criado pela organização Repórter Brasil para incentivar o consumo consciente de roupas , avalia a responsabilidade trabalhista de grandes lojas em toda a sua cadeia produtiva . E já incorporou mais de 25 novas marcas em sua última atualização . O aplicativo pode ser baixado em celulares com sistemas iOS e Android e traz atualmente um catálogo com mais de 77 marcas e varejistas da moda sinalizados de acordo com o comportamento de cada uma delas em relação ao respeito a direitos trabalhistas . As informações são coletadas junto ao Ministério do Trabalho . Se a empresa tem mecanismos de acompanhamento da cadeia produtiva e não tem histórico de uso de mão de obra escrava , é sinalizada em verde . Se ela monitora seus fornecedores , mas de forma insuficiente ou se já foi flagrada anteriormente com mão de obra escrava , é sinalizada em amarelo . Mas se a marca não controla as condições laborais das fábricas , já foi autuada por trabalho escravo ou se negou a responder o questionário , é sinalizada em vermelho . Ao clicar em uma das empresas disponíveis , é possível saber quais foram os crimes cometidos , qual o nível da transparência na informação das condições de seus trabalhadores , qual a qualidade do monitoramento de sua rede de fornecedores , e se não há nenhum flagrante de mão de obra escrava em seu histórico . As marcas estão organizadas de acordo com seu faturamento e a avaliação leva em conta o comportamento de toda a cadeia produtiva delas no Brasil , incluindo empresas terceirizadas e prestadoras de serviço . “ O aplicativo entende que as empresas devem ter responsabilidade em toda a sua cadeia produtiva . Então , se ela contrata um fornecedor e terceiriza a produção de roupa , ela também é responsável por isso . Esse é o entendimento do Ministério Público , do Ministério do Trabalho e também da Repórter Brasil ”, afirma Carlos Juliano Barros , que coordena o aplicativo “ Moda Livre ” em parceria com o jornalista André Campos . “ No começo algumas empresas importantes não deram muita bola para o aplicativo . Mas quando ele foi divulgado e repercutiu na mídia , principalmente em blogs de moda e sites que falam sobre o tema , aquelas que não tinham respondido o questionário nos procuraram , porque entenderam que não participar era um dano muito grande à imagem delas ”,

explicou Carlos Juliano . O jornalista da Repórter Brasil destaca que “ o consumidor final tem se mobilizado ”. “ A gente tem recebido avaliações positivas . As pessoas dizem que usam o aplicativo na hora de escolher a marca ou a loja onde vão comprar ”, comemorou . Centenas de trabalhadores , principalmente imigrantes de países da América Latina , como Bolívia e Peru , foram encontrados trabalhando em oficinas terceirizadas de costura em regime de escravidão nos últimos 1 0 anos . As principais denúncias são relacionadas a pequenas empresas , instaladas na cidade de São Paulo , que muitas vezes produzem para marcas renomadas . Segundo Carlos Juliano , fiscais do Ministério Público de São Paulo conseguiram ampliar os trabalhos nos últimos anos , desvelando diversos casos de trabalho escravo .
10 - REVISTA AMOORENO - JUNHO 2018