Revista Amooreno Edição 01 - fev/2018 | Page 27

T odos os olhares para o desfile inaugural de Ermenegildo Zegna, que deu início à temporada em uma universidade, a Bocconi. Poucos associam moda e arquitetura tão harmoniosamente quanto os italianos. E poucos fazem isso tão facilmente como Alessandro Sartori, cuja audaciosa coleção para o Outono-Inverno 2018, parecia ter sido desenhada especialmente para a nova ala da universidade. O edifício foi construído a partir de materiais clássicos do modernismo italiano: pedra e cimento armado, contornando a linguagem visual com motivos gráficos e dinâmicos em vidro. O nome do edifício está marcado com letras de um metro de altura, gravado ao lado de um arco de cimento armado. Essa mistura de austeridade e opulência foi refletida na passarela. O interior de um anfiteatro foi transformado numa cena de inverno, onde a neve falsa caía sobre os convidados e onde os modelos caminhavam entre a neve. Os modelos usaram discretos ternos em veludo, em tons de cimento ou em camadas de gabardine escultural com cores turvas e punhos largos - lembrando a estrutura perfilada do novo edifício. O destaque do desfile foi o terno em pied-de-poule preto e branco, cortado em lã macia. E até mesmo estes novos casacos, que lembravam de longe os ternos tradicionais com abotoamento duplo, combinaram com as sobreposições complexas do edifício. Alessandro Sartori misturou costura tradicional delicada com sportswear urbano - visto em belos casacos com mangas contrastantes e pele de cordeiro, lã feltrada e couro matelassé. Alessandro Sartori também injetou um toque de “alta- costura" com dois casacos espetaculares: um sobretudo azul-marinho, com bordado de cristal dourado e vermelho, e um casaco incrível em jacquard de alpaca, uma espécie de casaco-roupão, feito por Oasi Zegna, a fonte de tecidos high-end da marca, que tinge os seus tecidos com produtos naturais - folhas, ervas e raízes. "É uma conversa entre o natural e a técnica, elaborada para este belo espaço em cimento", explicou Alessandro Sartori. FEVEREIRO 201 8 - REVISTA AMOORENO - 27