T
odos os olhares para o desfile inaugural de
Ermenegildo Zegna, que deu início à temporada em uma
universidade, a Bocconi. Poucos associam moda e
arquitetura tão harmoniosamente quanto os italianos. E
poucos fazem isso tão facilmente como Alessandro
Sartori, cuja audaciosa coleção para o Outono-Inverno
2018, parecia ter sido desenhada especialmente para a nova
ala da universidade.
O edifício foi construído a partir de materiais clássicos do
modernismo italiano: pedra e cimento armado,
contornando a linguagem visual com motivos gráficos e
dinâmicos em vidro. O nome do edifício está marcado
com letras de um metro de altura, gravado ao lado de um
arco de cimento armado.
Essa mistura de austeridade e opulência foi refletida na
passarela. O interior de um anfiteatro foi transformado
numa cena de inverno, onde a neve falsa caía sobre os
convidados e onde os modelos caminhavam entre a neve.
Os modelos usaram discretos ternos em veludo, em tons
de cimento ou em camadas de gabardine escultural com
cores turvas e punhos largos - lembrando a estrutura
perfilada do novo edifício. O destaque do desfile foi o
terno em pied-de-poule preto e branco, cortado em lã
macia. E até mesmo estes novos casacos, que lembravam
de longe os ternos tradicionais com abotoamento duplo,
combinaram com as sobreposições complexas do edifício.
Alessandro Sartori misturou costura tradicional delicada
com sportswear urbano - visto em belos casacos com
mangas contrastantes e pele de cordeiro, lã feltrada e couro
matelassé.
Alessandro Sartori também injetou um toque de “alta-
costura" com dois casacos espetaculares: um sobretudo
azul-marinho, com bordado de cristal dourado e
vermelho, e um casaco incrível em jacquard de alpaca,
uma espécie de casaco-roupão, feito por Oasi Zegna, a
fonte de tecidos high-end da marca, que tinge os seus
tecidos com produtos naturais - folhas, ervas e raízes. "É
uma conversa entre o natural e a técnica, elaborada para
este belo espaço em cimento", explicou Alessandro
Sartori.
FEVEREIRO 201 8 - REVISTA AMOORENO - 27