Editorial de moda sustentável Raul Krebs
Editorial de moda sustentável Raul Krebs
reaproveitar os tecidos de paraquedas que não poderiam
mais ser usados – já que os equipamentos têm validade
determinada para a segurança dos esportistas.
Tapumes de obras, sobras da indústria moveleira e o que
mais a criatividade mandar. Sim, restos de madeira
também podem virar acessórios que prezam pelo design,
sem deixar de lado a consciência ambiental. É essa a
premissa da Côté, marca gaúcha criada pela arquiteta
Priscila Elisa Berselli que dá nova vida ao material de
descarte e resíduos de produção industrial.
A madeira é coletada em pequenas reformas locais ou
em fábricas de mobiliário, enquanto a borracha vem de
sobras das fábricas parceiras do Estado. Na hora em que
cada peça é desenhada, leva-se em conta sempre o
máximo aproveitamento da matéria-prima.
Folha de butiá que vira bolsa? Essa é a proposta da
Apoena, marca que nasceu no município gaúcho de
Giruá, na região Noroeste, conhecido pelas plantações
da fruta. Foi a partir disso que a grife de Maiara Bonfanti
passou a criar suas bolsas artesanais. Tudo começa com
a colheita das folhas, que precisa ser feita na lua cheia
ou na crescente. Depois, passam por um processo de
secagem que dura quatro dias. As folhas viram palhas
que serão trançadas e modeladas de acordo com cada
peça – tudo feito manualmente.
Iniciativas como o Banco de Tecido ajudam a evitar
desperdício de matéria-prima – e, consequentemente,
lixo na natureza – e diminuem os custos das marcas, o
que pode impactar diretamente no preço da etiqueta de
sua roupa. Nascida em São Paulo, a iniciativa ganhou
uma filial em Porto Alegre, no Vila Flores. A ideia é ser
uma ponte entre quem precisa de pequenas metragens
de tecido e quem tem esses cortes sobrando e não vai
mais utilizá-los.
Basta ir até a loja e depositar o tecido disponível para virar correntista. Se você deposita
1 00 quilos, por exemplo, deixa 30 como comissão e fica com 70 de crédito. Todo tecido é
computado por peso. Caso você não tenha nenhuma sobra para deixar no estoque,
também pode escolher aquele retalho que falta para confeccionar sua peça. É assim que
pequenas marcas conseguem oferecer mais variedade e diminuir os custos e, claro, o
impacto ambiental.
Você sabia que as garrafas PET podem se transformar em tecido? Marcas como a
Mudha usam o que seria lixo em matéria-prima de peças como o vestido da foto ao lado.
Funciona assim: primeiro, as garrafas plásticas são derretidas e transformadas em fios,
um material que é 1 00% poliéster. Para fazer um tecido que seja mais confortável, a fibra
plástica é misturada com algodão reciclado, que é feito a partir de sobras de tecidos ou
de roupas que já foram descartadas. Depois, o material é separado por cores e
desfibrado. Os fios de algodão reciclado são misturados aos fios de PET para compor
esse tipo de tecido, um dos preferidos das marcas de moda sustentável.
MAIO 2019 - REVISTA AMOORENO - 9