Revista Amooreno EDIÇÃO 16 - MAI19 | Page 9

Editorial de moda sustentável Raul Krebs Editorial de moda sustentável Raul Krebs reaproveitar os tecidos de paraquedas que não poderiam mais ser usados – já que os equipamentos têm validade determinada para a segurança dos esportistas. Tapumes de obras, sobras da indústria moveleira e o que mais a criatividade mandar. Sim, restos de madeira também podem virar acessórios que prezam pelo design, sem deixar de lado a consciência ambiental. É essa a premissa da Côté, marca gaúcha criada pela arquiteta Priscila Elisa Berselli que dá nova vida ao material de descarte e resíduos de produção industrial. A madeira é coletada em pequenas reformas locais ou em fábricas de mobiliário, enquanto a borracha vem de sobras das fábricas parceiras do Estado. Na hora em que cada peça é desenhada, leva-se em conta sempre o máximo aproveitamento da matéria-prima. Folha de butiá que vira bolsa? Essa é a proposta da Apoena, marca que nasceu no município gaúcho de Giruá, na região Noroeste, conhecido pelas plantações da fruta. Foi a partir disso que a grife de Maiara Bonfanti passou a criar suas bolsas artesanais. Tudo começa com a colheita das folhas, que precisa ser feita na lua cheia ou na crescente. Depois, passam por um processo de secagem que dura quatro dias. As folhas viram palhas que serão trançadas e modeladas de acordo com cada peça – tudo feito manualmente. Iniciativas como o Banco de Tecido ajudam a evitar desperdício de matéria-prima – e, consequentemente, lixo na natureza – e diminuem os custos das marcas, o que pode impactar diretamente no preço da etiqueta de sua roupa. Nascida em São Paulo, a iniciativa ganhou uma filial em Porto Alegre, no Vila Flores. A ideia é ser uma ponte entre quem precisa de pequenas metragens de tecido e quem tem esses cortes sobrando e não vai mais utilizá-los. Basta ir até a loja e depositar o tecido disponível para virar correntista. Se você deposita 1 00 quilos, por exemplo, deixa 30 como comissão e fica com 70 de crédito. Todo tecido é computado por peso. Caso você não tenha nenhuma sobra para deixar no estoque, também pode escolher aquele retalho que falta para confeccionar sua peça. É assim que pequenas marcas conseguem oferecer mais variedade e diminuir os custos e, claro, o impacto ambiental. Você sabia que as garrafas PET podem se transformar em tecido? Marcas como a Mudha usam o que seria lixo em matéria-prima de peças como o vestido da foto ao lado. Funciona assim: primeiro, as garrafas plásticas são derretidas e transformadas em fios, um material que é 1 00% poliéster. Para fazer um tecido que seja mais confortável, a fibra plástica é misturada com algodão reciclado, que é feito a partir de sobras de tecidos ou de roupas que já foram descartadas. Depois, o material é separado por cores e desfibrado. Os fios de algodão reciclado são misturados aos fios de PET para compor esse tipo de tecido, um dos preferidos das marcas de moda sustentável. MAIO 2019 - REVISTA AMOORENO - 9