A
Cartagena
s margens do mar do Caribe e vizinha a ilhas
como Aruba e Curaçao, Cartagena das Índias, na
Colômbia, foge às imagens de azul sem fim,
típicas da região. O melhor programa na cidade
de ruas estreitas e balcões transbordando de
flores, Patrimônio Histórico da Humanidade pela
Unesco desde 1 984, não é mergulhar em águas
claras, mas andar a pé e com tempo para
aproveitar a enorme oferta de bares, restaurantes
e lojas. Dançar, fazer amigos, ver gente bonita.
Com 800 mil habitantes (menos do que um
município do subúrbio carioca), o destino está
fazendo sucesso e desponta como um dos mais
alegres do planeta. Ou, como dizem eles,
chévere .
Construída no século 1 6 para proteger a área
portuária de ataques de piratas e corsários, a
cidade amuralhada parece guardada pelo tempo.
Ali, namorados se sentam para assistir ao pôr do
sol, enquanto crianças observam o movimento da
cidade de longe. Em toda parte, o som de
charretes se mistura ao champeta , ritmo
cartagenero tocado ao vivo em bares e casas de
show. As palenqueras (vendedoras que usam
roupas coloridas e equilibram bacias de cocada
ou frutas na cabeça) desviam das mesas
ocupadas por jovens queimados de sol. Depois
de uma ou duas rodadas de machacao , tipo de
caipirinha feito com rum, o programa é caminhar
pelo centro. É fácil se transportar à efervescência
dos tempos coloniais, quando comerciantes,
donzelas, nobres, escravos e religiosos
circulavam por lá.
Não por acaso, Cartagena tantas vezes serviu de
inspiração para o escritor colombiano Gabriel
Garcia Márquez narrar alguns dos encontros que
entraram para a história da literatura. Palco de
paixões proibidas, intrigas e traições, a Praça dos
Evangelhos, em que Florentino Ariza esperava
66 - REVISTA AMOORENO - MAIO 2019
todos os dias por Fermina Daza para trocar cartas
e olhares, em O Amor nos Tempos do Cólera ,
bem poderia ser a ensolarada Fernández Madrid.
O desventurado romance entre a menina Sierva
Maria e o padre Cayetano Delaura, de O Amor e
de Outros Demônios , acontece entre as pesadas
muralhas do Convento Santa Clara. A praça virou
ponto turístico e o templo, hotel. Mas, o ânimo da
cidade é o mesmo da literatura. Basta ver as
festas que acontecem o tempo todo nas ruas
sempre cheias de gente, coloridas pelas casas de
tons fortes.
Visitas ao Castelo de San Felipe, ao Museu
Histórico no Palácio da Inquisição e às igrejas
locais proporcionam um bom panorama histórico
da cidade e tardes superagradáveis. Passeios de
barco a ilhas vizinhas, para um mergulho ou um
banho de sol, renovam o ânimo. À noite, a pedida
é começar com um drinque em um dos rooftops
da cidade, jantar em Getsemaní , bairro-símbolo
do florescimento local, e dançar até quando os
pés aguentarem...