Revista Amooreno EDIÇÃO 16 - MAI19 | Page 66

A Cartagena s margens do mar do Caribe e vizinha a ilhas como Aruba e Curaçao, Cartagena das Índias, na Colômbia, foge às imagens de azul sem fim, típicas da região. O melhor programa na cidade de ruas estreitas e balcões transbordando de flores, Patrimônio Histórico da Humanidade pela Unesco desde 1 984, não é mergulhar em águas claras, mas andar a pé e com tempo para aproveitar a enorme oferta de bares, restaurantes e lojas. Dançar, fazer amigos, ver gente bonita. Com 800 mil habitantes (menos do que um município do subúrbio carioca), o destino está fazendo sucesso e desponta como um dos mais alegres do planeta. Ou, como dizem eles, chévere . Construída no século 1 6 para proteger a área portuária de ataques de piratas e corsários, a cidade amuralhada parece guardada pelo tempo. Ali, namorados se sentam para assistir ao pôr do sol, enquanto crianças observam o movimento da cidade de longe. Em toda parte, o som de charretes se mistura ao champeta , ritmo cartagenero tocado ao vivo em bares e casas de show. As palenqueras (vendedoras que usam roupas coloridas e equilibram bacias de cocada ou frutas na cabeça) desviam das mesas ocupadas por jovens queimados de sol. Depois de uma ou duas rodadas de machacao , tipo de caipirinha feito com rum, o programa é caminhar pelo centro. É fácil se transportar à efervescência dos tempos coloniais, quando comerciantes, donzelas, nobres, escravos e religiosos circulavam por lá. Não por acaso, Cartagena tantas vezes serviu de inspiração para o escritor colombiano Gabriel Garcia Márquez narrar alguns dos encontros que entraram para a história da literatura. Palco de paixões proibidas, intrigas e traições, a Praça dos Evangelhos, em que Florentino Ariza esperava 66 - REVISTA AMOORENO - MAIO 2019 todos os dias por Fermina Daza para trocar cartas e olhares, em O Amor nos Tempos do Cólera , bem poderia ser a ensolarada Fernández Madrid. O desventurado romance entre a menina Sierva Maria e o padre Cayetano Delaura, de O Amor e de Outros Demônios , acontece entre as pesadas muralhas do Convento Santa Clara. A praça virou ponto turístico e o templo, hotel. Mas, o ânimo da cidade é o mesmo da literatura. Basta ver as festas que acontecem o tempo todo nas ruas sempre cheias de gente, coloridas pelas casas de tons fortes. Visitas ao Castelo de San Felipe, ao Museu Histórico no Palácio da Inquisição e às igrejas locais proporcionam um bom panorama histórico da cidade e tardes superagradáveis. Passeios de barco a ilhas vizinhas, para um mergulho ou um banho de sol, renovam o ânimo. À noite, a pedida é começar com um drinque em um dos rooftops da cidade, jantar em Getsemaní , bairro-símbolo do florescimento local, e dançar até quando os pés aguentarem...