Bioprodução do futuro
A escassez de recursos está afetando a
indústria do design, com previsões da
diminuição das reservas mundiais – a
estimativa da The Global Footprint Network
aponta para que os humanos tenham usado o
equivalente a 1 ,7 planetas em recursos
naturais em 201 8. À medida que o petróleo,
terra e água alimentam a cadeia de
aprovisionamento exigente da indústria, desde
a plantação de colheitas e criação de animais
à irrigação de água e extração de petróleo, há
uma busca por novas opções.
Um pouco de esperança pode estar em
alternativas renováveis à base de plantas,
elementos marinhos ou alimentos. Startups de
materiais e laboratórios científicos têm feito
experiências com ingredientes naturais
substitutos há anos, mas as colaborações com
marcas de moda vanguardistas estão dando
origem a conceitos para mercados de nicho,
como tênis, malas de luxo exclusivas e peças
de vestuário.
A marca sueca de outdoor Röjk Superwear
pretende ter uma coleção 1 00% natural até
2020, incluindo vestuário em biopolímero,
enquanto os Primus Bio da Vivobarefoot e os
tênis veganos da Reebok derivam de
biopolímeros feitos a partir do milho.
“O Primus Bio advoga o futuro dos materiais
sustentáveis. Todas as ações contam da
jornada para redefinir a relação do mundo com
materiais que prejudicam o ambiente”, explica
Asher Clark, diretor de design da Vivobarefoot.
A SeaCell, uma fibra à base de algas, tem sido
usada recentemente pela marca de moda
Aday para a sua nova coleção Plant Bae.
O aumento da procura por têxteis veganos e
sem crueldade aos animais vai ajudar a
aumentar a aceitação de materiais de origem
biológica. Stella McCartney procurou
alternativas naturais e criou artigos sem couro
na sua colaboração com a Bolt Threads e com
marcas de luxo, como a Chanel, que deixaram
de usar peles e pelos exóticos e gigantes do
varejo, como a H&M e a ASOS, a proibirem, lã
e penugem, considerando que o bem-estar
animal está no topo da agenda.
Vivagreen/Imagem Reprodução
A ascensão da reutilização
Marcas, varejistas e consumidores estão
aproveitando o mercado das vendas de
usados – que deverá duplicar nos próximos
cinco anos –, e que pode reduzir os resíduos e
criar novas fontes de rendimento pós-venda.
O estudo “201 8 Resale Report” da loja online
de artigos em segunda-mão ThredUp indica
que mais de um terço das mulheres usam um
artigo menos de cinco vezes antes de o
jogarem fora, mas a reutilização pode
acrescentar mais de dois anos à sua vida útil.
A sua recente iniciativa de upcycling incentiva
os consumidores a enviarem vestuário usado
para revenda com a opção de terem um
cartão de oferta, fazendo uma parceria com
marcas conscientes como a Reformation.
A nova marca Afound, da H&M, também
responde a esta questão, vendendo artigos de
moda e lifestyle para homens das principais
marcas do grupo com desconto. Disponível na
Suécia online e nas lojas físicas há planos
para novos lançamentos.
Há ainda o potencial de revenda para tecidos
que foram comprados em excesso, que de
outra forma enchem armazéns ou aterros. A
disponibilidade limitada e a rastreabilidade
podem ser compensadas em poupanças de
custos, uma menor pegada de dióxido de
carbono ou resíduos.
Novos portais online permitem que os
designers comprem e vendam tecidos, como o
Thr3efold, que liga marcas com produtores
éticos.
Os arquivos podem encorajar a criatividade,
permitindo que pequenas marcas comprem
MAIO 2019 - REVISTA AMOORENO - 19