Revista Amooreno EDIÇÃO 16 - MAI19 | Page 19

Bioprodução do futuro A escassez de recursos está afetando a indústria do design, com previsões da diminuição das reservas mundiais – a estimativa da The Global Footprint Network aponta para que os humanos tenham usado o equivalente a 1 ,7 planetas em recursos naturais em 201 8. À medida que o petróleo, terra e água alimentam a cadeia de aprovisionamento exigente da indústria, desde a plantação de colheitas e criação de animais à irrigação de água e extração de petróleo, há uma busca por novas opções. Um pouco de esperança pode estar em alternativas renováveis à base de plantas, elementos marinhos ou alimentos. Startups de materiais e laboratórios científicos têm feito experiências com ingredientes naturais substitutos há anos, mas as colaborações com marcas de moda vanguardistas estão dando origem a conceitos para mercados de nicho, como tênis, malas de luxo exclusivas e peças de vestuário. A marca sueca de outdoor Röjk Superwear pretende ter uma coleção 1 00% natural até 2020, incluindo vestuário em biopolímero, enquanto os Primus Bio da Vivobarefoot e os tênis veganos da Reebok derivam de biopolímeros feitos a partir do milho. “O Primus Bio advoga o futuro dos materiais sustentáveis. Todas as ações contam da jornada para redefinir a relação do mundo com materiais que prejudicam o ambiente”, explica Asher Clark, diretor de design da Vivobarefoot. A SeaCell, uma fibra à base de algas, tem sido usada recentemente pela marca de moda Aday para a sua nova coleção Plant Bae. O aumento da procura por têxteis veganos e sem crueldade aos animais vai ajudar a aumentar a aceitação de materiais de origem biológica. Stella McCartney procurou alternativas naturais e criou artigos sem couro na sua colaboração com a Bolt Threads e com marcas de luxo, como a Chanel, que deixaram de usar peles e pelos exóticos e gigantes do varejo, como a H&M e a ASOS, a proibirem, lã e penugem, considerando que o bem-estar animal está no topo da agenda. Vivagreen/Imagem Reprodução A ascensão da reutilização Marcas, varejistas e consumidores estão aproveitando o mercado das vendas de usados – que deverá duplicar nos próximos cinco anos –, e que pode reduzir os resíduos e criar novas fontes de rendimento pós-venda. O estudo “201 8 Resale Report” da loja online de artigos em segunda-mão ThredUp indica que mais de um terço das mulheres usam um artigo menos de cinco vezes antes de o jogarem fora, mas a reutilização pode acrescentar mais de dois anos à sua vida útil. A sua recente iniciativa de upcycling incentiva os consumidores a enviarem vestuário usado para revenda com a opção de terem um cartão de oferta, fazendo uma parceria com marcas conscientes como a Reformation. A nova marca Afound, da H&M, também responde a esta questão, vendendo artigos de moda e lifestyle para homens das principais marcas do grupo com desconto. Disponível na Suécia online e nas lojas físicas há planos para novos lançamentos. Há ainda o potencial de revenda para tecidos que foram comprados em excesso, que de outra forma enchem armazéns ou aterros. A disponibilidade limitada e a rastreabilidade podem ser compensadas em poupanças de custos, uma menor pegada de dióxido de carbono ou resíduos. Novos portais online permitem que os designers comprem e vendam tecidos, como o Thr3efold, que liga marcas com produtores éticos. Os arquivos podem encorajar a criatividade, permitindo que pequenas marcas comprem MAIO 2019 - REVISTA AMOORENO - 19