Revista Amooreno EDIÇÃO 15 - ABR19 | Page 25

As Lojas Renner estão inserindo os fundamentos da economia circular em sua cadeia produtiva e na forma de desenvolver seus produtos, recuperando perdas do processo de corte dos tecidos, que antes eram destinados ao aterro ou vendidos como produto de baixo valor agregado. O projeto-piloto foi realizado em parceria com fornecedores, consultores e a Universidade de São Paulo. Foi necessário identificar e engajar parceiros para o desenvolvimento de protótipos de tecidos de malha e jeans produzidos com fios reciclados, bem como estruturar e viabilizar econômica e tecnicamente toda a cadeia reversa. Outro exemplo interessante é a Rede Asta, que apresenta um modelo de negócio multissetorial unindo circularidade, inclusão social e de gênero e colaboração. Com uma rede de 63 grupos de mulheres artesãs espalhada por 1 0 estados do Brasil, transforma resíduos pós-industriais em arte. Operando por projetos, já produziu estojos para computador e bolsas a partir de sacos de cimento, além de peças de mochilas e ecobags a partir de banners, capas de poltronas e uniformes. A empresa também opera uma plataforma virtual acessível às artesãs do Brasil, oferecendo treinamentos tanto de empreendedorismo como de reaproveitamento de materiais e instigando a atividade econômica positiva nas comunidades brasileiras de baixa renda. Dessa forma fomenta a inclusão social ao oferecer novas oportunidades para trabalhadores que atuavam no mercado informal com pouca visibilidade e contribui para transformar artesãs em empreendedoras, com incremento médio de renda de 24%. Além disso, esses projetos possibilitam enxergar o valor dos materiais e usar a criatividade para transformá-los em novos produtos (mais de 80% dos produtos são feitos de material reaproveitado) e prega relações econômicas justas e transparentes para toda a cadeia. Neste sentido, são diversas as contribuições trazidas por este setor para a construção de alternativas que possibilitem a promoção do desenvolvimento econômico, por meio de iniciativas conectadas com um modelo mais justo e responsável em relação ao meio ambiente. Empresas que assumem ações como essas, acreditam que conseguem melhorar a cadeia além de tornar seus clientes mais conscientes, é uma nova forma de pensar, e movimentos como esse serão cruciais para a abertura da rota para um mercado circular, garantindo um futuro de suprimentos e fontes recicladas de materiais. Outra ação desenvolvida por algumas marcas é o lançamento de coleções com fibras recicladas e a utilização de algodão 1 00% orgânico, materiais esses incorporados por diversas empresas que focam na sustentabilidade como uma de suas metas. A circularidade é a nova aposta das empresas de moda e está dando origem a uma nova relação entre marcas premium e seus produtos, colocando um foco maior em reutilização permitindo que o produto ganhe um valor significativo. O negócio incentiva o movimento circular, mostrando que a gente precisa reduzir o desperdício e o consumo. Mas para muitos observadores da indústria e defensores do meio ambiente, atentos ao modelo de negócio circular, acreditam que ações isoladas não sustentam a pressão sobre os recursos e consumo, eles acreditam que a indústria da moda precisa também lidar com questões subjacentes do consumo excessivo, criando uma maior consciência no seu cliente. Ainda que no Brasil, seja recente e incipiente, a temática da economia criativa vem se fortalecendo e sendo debatida em todo o país, consolidando-se através de programas e projetos inovadores que tem demonstrado sua potência transformadora por meio da integração e da articulação de conhecimentos; conquistando adeptos que reconhecem oportunidades de desenvolvimento e de crescimento neste campo. O Brasil mostra algumas características únicas que podem ser úteis para reverter a situação: é um país com enorme mercado consumidor estimado em mais de 205 milhões de pessoas, possui um ecossistema industrial integrado e forte, desde o minério de ferro até produtos acabados, e é um país com uma cultura de criatividade e de liderança empresarial, essencial para transformar crises em oportunidades. Segundo o Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil, documento lançado pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN) em dezembro de 201 4, estima-se que a indústria criativa brasileira gere um Produto Interno Bruto equivalente a R$ 1 26 bilhões, ou ABRIL 2019 - REVISTA AMOORENO - 25