As Lojas Renner estão inserindo os fundamentos
da economia circular em sua cadeia produtiva e
na forma de desenvolver seus produtos,
recuperando perdas do processo de corte dos
tecidos, que antes eram destinados ao aterro ou
vendidos como produto de baixo valor agregado.
O projeto-piloto foi realizado em parceria com
fornecedores, consultores e a Universidade de
São Paulo. Foi necessário identificar e engajar
parceiros para o desenvolvimento de protótipos de
tecidos de malha e jeans produzidos com fios
reciclados, bem como estruturar e viabilizar
econômica e tecnicamente toda a cadeia reversa.
Outro exemplo interessante é a Rede Asta, que
apresenta um modelo de negócio multissetorial
unindo circularidade, inclusão social e de gênero e
colaboração. Com uma rede de 63 grupos de
mulheres artesãs espalhada por 1 0 estados do
Brasil, transforma resíduos pós-industriais em
arte. Operando por projetos, já produziu estojos
para computador e bolsas a partir de sacos de
cimento, além de peças de mochilas e ecobags a
partir de banners, capas de poltronas e uniformes.
A empresa também opera uma plataforma virtual
acessível às artesãs do Brasil, oferecendo
treinamentos tanto de empreendedorismo como
de reaproveitamento de materiais e instigando a
atividade econômica positiva nas comunidades
brasileiras de baixa renda. Dessa forma fomenta a
inclusão social ao oferecer novas oportunidades
para trabalhadores que atuavam no mercado
informal com pouca visibilidade e contribui para
transformar artesãs em empreendedoras, com
incremento médio de renda de 24%. Além disso,
esses projetos possibilitam enxergar o valor dos
materiais e usar a criatividade para transformá-los
em novos produtos (mais de 80% dos produtos
são feitos de material reaproveitado) e prega
relações econômicas justas e transparentes para
toda a cadeia. Neste sentido, são diversas as
contribuições trazidas por este setor para a
construção de alternativas que possibilitem a
promoção do desenvolvimento econômico, por
meio de iniciativas conectadas com um modelo
mais justo e responsável em relação ao meio
ambiente. Empresas que assumem ações como
essas, acreditam que conseguem melhorar a
cadeia além de tornar seus clientes mais
conscientes, é uma nova forma de pensar, e
movimentos como esse serão cruciais para a
abertura da rota para um mercado circular,
garantindo um futuro de suprimentos e fontes
recicladas de materiais. Outra ação desenvolvida
por algumas marcas é o lançamento de coleções
com fibras recicladas e a utilização de algodão
1 00% orgânico, materiais esses incorporados por
diversas empresas que focam na sustentabilidade
como uma de suas metas. A circularidade é a
nova aposta das empresas de moda e está dando
origem a uma nova relação entre marcas premium
e seus produtos, colocando um foco maior em
reutilização permitindo que o produto ganhe um
valor significativo. O negócio incentiva o
movimento circular, mostrando que a gente
precisa reduzir o desperdício e o consumo. Mas
para muitos observadores da indústria e
defensores do meio ambiente, atentos ao modelo
de negócio circular, acreditam que ações isoladas
não sustentam a pressão sobre os recursos e
consumo, eles acreditam que a indústria da moda
precisa também lidar com questões subjacentes
do consumo excessivo, criando uma maior
consciência no seu cliente. Ainda que no Brasil,
seja recente e incipiente, a temática da economia
criativa vem se fortalecendo e sendo debatida em
todo o país, consolidando-se através de
programas e projetos inovadores que tem
demonstrado sua potência transformadora por
meio da integração e da articulação de
conhecimentos; conquistando adeptos que
reconhecem oportunidades de desenvolvimento e
de crescimento neste campo. O Brasil mostra
algumas características únicas que podem ser
úteis para reverter a situação: é um país com
enorme mercado consumidor estimado em mais
de 205 milhões de pessoas, possui um
ecossistema industrial integrado e forte, desde o
minério de ferro até produtos acabados, e é um
país com uma cultura de criatividade e de
liderança empresarial, essencial para transformar
crises em oportunidades. Segundo o Mapeamento
da Indústria Criativa no Brasil, documento lançado
pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro
(FIRJAN) em dezembro de 201 4, estima-se que a
indústria criativa brasileira gere um Produto
Interno Bruto equivalente a R$ 1 26 bilhões, ou
ABRIL 2019 - REVISTA AMOORENO - 25