Revista Amooreno EDIÇÃO 15 - ABR19 | Page 22

Economia Circular O consumidor é uma chave importante para fechar os ciclos, portanto, a mudança de mentalidade e hábitos se faz necessária. É preciso deixar de ser um consumidor para nos tornar um usuário de moda. E, esse comportamento, envolve repensar e reavaliar os velhos padrões de consumo, da necessidade de ter, de comprar por impulso... Os consumidores ou usuários de moda tem o poder de decisão quando de sua escolha por um ou outro produto, um ou outro sistema. Mesmo assim, muitos ainda não estão conscientes de seu papel, e nunca estarão. Para esses, o sistema deverá ser desenvolvido em paralelo e eles acabarão por fazer parte de forma automática, inconsciente, “indolor” (sem concessões ou sacrifícios). Se a produtividade continuar sem um pensamento cíclico, muito provavelmente, as dificuldades em reaproveitar um produto dentro deste novo sistema, será que, o mesmo, acabará sendo descartado em algum momento. As empresas são o meio pelo qual a inovação deveria chegar ao usuário, mas nessa nova perspectiva, todos podem se tornar agentes da mudança. Grandes exemplos de moda circular estão sendo sugeridos por marcas, empresas e startups que já nasceram com a sustentabilidade em seu DNA. Existem muitas frentes que podem ser abordadas. Temos visto muitos materiais e processos alternativos surgindo, como couros de cogumelo, fibras de alga ou de descarte de outros setores como as cascas da laranja, ou ainda tingimento com bactérias, sem água e sem químicos tóxicos, curtimento com folha de oliveira. Existem também empresas apostando no reuso de descarte têxtil pré ou pós-consumidor para a produção de novos itens de moda ou investindo em novos negócios de compartilhamento, de reuso e manutenção de roupas que já estão circulando por aí. Em todos estes aspectos, é relevante para as empresas a provisão de informação clara e objetiva sobre o que tem sido feito, como e por quem, mostrando o caminho trilhado e ainda os próximos passos a serem adotados. A Europa já vem oferecendo moda com baixíssimo impacto há mais de 40 anos e tem usuários muito 22 - REVISTA AMOORENO - ABRIL 2019 mais predispostos a participarem dessas mudanças. Além disso, o apoio à pesquisa e ao desenvolvimento científico, por exemplo, ou aos novos programas de impacto positivo já é o status- quo. A moda no futuro se tornará algo misto, onde a tecnologia e desenvolvimento existirão a favor da natureza e das pessoas e gerará novos setores, novos tipos de trabalho e, consequentemente, novas formas de movimentação financeira. A democratização de uma moda sustentável, sem tóxicos, impactos negativos, de alta circulação e benéfica socialmente será o padrão oferecido. Grandes alterações poderão, também, serem vistas no sistema educacional, onde as mudanças deverão ser aplicadas de forma dinâmica e efetiva, instigando a criatividade investigativa mais que o seguimento de padrões e tendências. Muito além da moda, a economia circular tornou- se um estopim de um novo estilo de vida. O fato de cada vez mais pessoas estarem aderindo ao movimento mostra a urgência por mudanças e a quebra do engessamento e padronização que caracteriza o consumo impulsivo. Pensar sobre o consumo, ao mesmo tempo, que liberta, garante um estado de consciência e domínio de suas próprias escolhas. Se de um lado temos oficinas criativas, armários compartilhados e brechós, do outro temos uma indústria que precisa se adaptar a esse novo público. Vivemos um momento em que a escolha dos materiais não pode ocorrer deliberadamente, focando apenas no lucro e no baixo custo da produção.