Economia Circular
O consumidor é uma chave importante para fechar
os ciclos, portanto, a mudança de mentalidade e
hábitos se faz necessária. É preciso deixar de ser
um consumidor para nos tornar um usuário de
moda. E, esse comportamento, envolve repensar
e reavaliar os velhos padrões de consumo, da
necessidade de ter, de comprar por impulso...
Os consumidores ou usuários de moda tem o
poder de decisão quando de sua escolha por um
ou outro produto, um ou outro sistema. Mesmo
assim, muitos ainda não estão conscientes de seu
papel, e nunca estarão. Para esses, o sistema
deverá ser desenvolvido em paralelo e eles
acabarão por fazer parte de forma automática,
inconsciente, “indolor” (sem concessões ou
sacrifícios).
Se a produtividade continuar sem um pensamento
cíclico, muito provavelmente, as dificuldades em
reaproveitar um produto dentro deste novo
sistema, será que, o mesmo, acabará sendo
descartado em algum momento.
As empresas são o meio pelo qual a inovação
deveria chegar ao usuário, mas nessa nova
perspectiva, todos podem se tornar agentes da
mudança. Grandes exemplos de moda circular
estão sendo sugeridos por marcas, empresas e
startups que já nasceram com a sustentabilidade
em seu DNA.
Existem muitas frentes que podem ser abordadas.
Temos visto muitos materiais e processos
alternativos surgindo, como couros de cogumelo,
fibras de alga ou de descarte de outros setores
como as cascas da laranja, ou ainda tingimento
com bactérias, sem água e sem químicos tóxicos,
curtimento com folha de oliveira.
Existem também empresas apostando no reuso de
descarte têxtil pré ou pós-consumidor para a
produção de novos itens de moda ou investindo
em novos negócios de compartilhamento, de
reuso e manutenção de roupas que já estão
circulando por aí. Em todos estes aspectos, é
relevante para as empresas a provisão de
informação clara e objetiva sobre o que tem sido
feito, como e por quem, mostrando o caminho
trilhado e ainda os próximos passos a serem
adotados.
A Europa já vem oferecendo moda com baixíssimo
impacto há mais de 40 anos e tem usuários muito
22 - REVISTA AMOORENO - ABRIL 2019
mais predispostos a participarem dessas
mudanças. Além disso, o apoio à pesquisa e ao
desenvolvimento científico, por exemplo, ou aos
novos programas de impacto positivo já é o status-
quo.
A moda no futuro se tornará algo misto, onde a
tecnologia e desenvolvimento existirão a favor da
natureza e das pessoas e gerará novos setores,
novos tipos de trabalho e, consequentemente,
novas formas de movimentação financeira. A
democratização de uma moda sustentável, sem
tóxicos, impactos negativos, de alta circulação e
benéfica socialmente será o padrão oferecido.
Grandes alterações poderão, também, serem
vistas no sistema educacional, onde as mudanças
deverão ser aplicadas de forma dinâmica e efetiva,
instigando a criatividade investigativa mais que o
seguimento de padrões e tendências.
Muito além da moda, a economia circular tornou-
se um estopim de um novo estilo de vida. O fato
de cada vez mais pessoas estarem aderindo ao
movimento mostra a urgência por mudanças e a
quebra do engessamento e padronização que
caracteriza o consumo impulsivo. Pensar sobre o
consumo, ao mesmo tempo, que liberta, garante
um estado de consciência e domínio de suas
próprias escolhas.
Se de um lado temos oficinas criativas, armários
compartilhados e brechós, do outro temos uma
indústria que precisa se adaptar a esse novo
público. Vivemos um momento em que a escolha
dos materiais não pode ocorrer deliberadamente,
focando apenas no lucro e no baixo custo da
produção.