Revista Amooreno EDIÇÃO 14 -MAR19 | Page 18

"A moda não é nem moral nem amoral, mas pode elevar a moral". Embora tenha recebido a era digital de braços abertos, no final de contas havia algo de um homem do século XVII em Lagerfeld, cujo material preferido não era seda ou gaze, mas sim papel. Numa época em que muitos designers importantes não conseguem, literalmente, desenhar, ele era um ilustrador prodigioso. A curadora da sua primeira verdadeira retrospectiva, em Bonn, em 201 4, a sua musa intelectual, Amanda Harlech, realçou que tinha 40 mil esboços entre os quais a escolher. Lagerfeld no Ateliê da Chloé, em 1964 "As minhas inspirações veem como flashes eletrônicos. Vejo isso e nada mais. Os meus esboços parecem-se com o produto final, não perco tempo em fazer drapeados e a ouvir Verdi! Sou um designer", disse uma vez ao Le Figaro. O seu talento estendeu-se também ao design de figurinos para o cinema, em particular O Festim de Babette, vencedor de um Oscar, e à ópera, apresentando produções no La Scala, em Milão, no Burgtheater de Viena e no Festival de Salzburgo. Até desenhou para divas da pop, como Madonna na turnê Re-Invention ou Kylie Minogue para a turnê Showgirl. Lagerfeld em 1983, pouco antes de assumir o cargo na Chanel 18 - REVISTA AMOORENO - MARÇO 2019 Em novembro de 2004, inventou efetivamente uma nova categoria de moda, Masstige, a união entre roupa a preço de mercado de massas e marcas de prestígio, quando desenhou a primeira colaboração de designer com a H&M. Em dois dias, a sua gama limitada de roupas masculinas e femininas esgotou-se em várias centenas de lojas da H&M, onde os fashionistas lutavam pelas roupas.