C
onhecido como o Kaiser (Imperador, em
alemão) da Moda, nasceu em Hamburgo, na
Alemanha, em 1 933, Lagerfeld foi contratado pela
primeira vez como assistente de Pierre Balmain e
depois passou a colaborar com a casa francesa
Chloé, bem como a casa de alta costura romana
Curiel, antes de ir para a Chanel.
No dia 1 9 de fevereiro, a Maison Chanel anunciou
o falecimento do estilista, sem dizer o motivo de
sua morte, e poucos dias antes do lançamento da
coleção Fendi Outono/Inverno 201 9-2020, em
Milão. O designer de 85 anos continuou
trabalhando em suas coleções Chanel e Fendi
como habitualmente, mas, no entanto, ele não se
apresentou ao final do desfile da Chanel Couture
em janeiro.
A sua morte marca a despedida do mais famoso
designer vivo do planeta, uma figura
extremamente enérgica que criou mais de uma
dúzia de coleções por ano para três marcas de
moda: Chanel, Fendi e a sua própria marca
homônima.
Um homem renascentista que, além de designer,
também era conhecido pelo seu trabalho como
artista, fotógrafo e caricaturista. Em 201 6, o
estilista compartilhou os salões barrocos e
ornamentados do Palazzo Pitti de Florença, com
nomes como Ticiano e Rafael, quando
apresentou sua exposição de fotos “Visões da
Moda”, que apresentava suas fotos de campanha
publicitária e editoriais de moda. Em 201 8, o
designer também revelou uma exposição de
escultura que ele trabalhou pessoalmente com a
arquiteta de interiores Aline Asmar d'Amman.
Lagerfeld serve de exemplo para muitos
designers e aconselhou, até a sua morte, Silvia
Fendi para as linhas de prêt-à-porter (pronto para
vestir) da Fendi.
14 - REVISTA AMOORENO - MARÇO 2019
A capacidade de Lagerfeld para variar a estética
era extraordinária. Enquanto a sua própria marca
se distingue por uma silhueta neoexpressionista e
um estilo gráfico rigoroso, na Fendi passou em
revista a história da moda, criando formas
escalonadas e em camadas e coleções altamente
imaginativas, como as novas e inovadoras
técnicas da casa de peles de Roma, como a pele
tricotada ou a pele de vison raspada e aparada.
Na Chanel, reinventava continuamente o DNA da
marca, imergindo-se na rica história de Coco para
modernizar o seu DNA distintivo: o característico
casaco de quatro bolsos, os twin-sets, os tweeds
masculinos, o pequeno vestido preto e os seus
acessórios clássicos - a carteira de couro
acolchoada, os sapatos de dois tons ou os
múltiplos colares de pérolas.
As cópias de seus desenhos feitos à mão eram
frequentemente distribuídas em desfiles de moda
e apreciadas por jornalistas e pela elite da moda.
Embora tenha recebido críticas como fotógrafo de
moda, já que alguns viam o seu trabalho como
sendo demasiado rígido e plano, era um fotógrafo
de retratos altamente qualificado. O seu livro The
Little Black Jacket mostrava mais de 1 00 retratos
em preto e branco do seu extenso séquito Chanel.
E teve uma quantidade sem precedentes de 1 6
exposições em diferentes cidades. O livro de capa
dura acabou por vender mais de 250 mil cópias,
foi o livro de fotografias de moda mais vendido de
todos os tempos. As suas imagens apareceram
em dezenas de edições internacionais da Vogue,
Elle, Madame Figaro e Harper's Bazaar, e,
algumas vezes nas capas.
Surgiu uma verdadeira indústria de livros de e
sobre Lagerfeld: Karl sobre culinária, Karl sobre
os seus aforismos, e mesmo um livro de
desenhos animados intitulado Where’s Karl?, que
foi consagrado devido às suas viagens e ao seu
círculo íntimo, sem contar com as obras
dedicadas à sua amiga mais próxima desde que