A HARMONIA DO COMERCIAL E DO CRIATIVO EM PARIS
jovens estilistas”, disse Angus Chiang,
estilista que vem apresentando, por várias
temporadas, a sua marca taiwanesa.
Mas, Chiang não é o único que vê Paris
dessa forma. A CLOT, empresa fundada em
Hong Kong foi lançada em 2003 por Edison
Chen e Kevin Poon, e está empenhada em
alcançar o mercado europeu, já tendo uma
colaboração muito bem-sucedida. Seu
streetwear e sportswear parecem uma
oferta muito mais autêntica do que algumas
marcas que vimos ultimamente. E, além dos
brilhos de néon e gráficos super legais, dois
ursos polares dançantes e um dançarino
fizeram uma adição interessante à sua
apresentação de estreia, em Paris.
Também podemos ver uma pequena fatia
de Londres em Paris, com David Beckham
e Karlie Kloss, a Adidas Originals lançou
sua parceria com o British Fashion Council,
o MarkerLab. Uma espécie de três vias da
Adidas, Nicholas Daley, Prya Ahluwalia e
Paolina Russo mostraram coleções
explorando a herança da Adidas, através de
suas criatividades. Cada resultado foi
diferente e cada um perfeitamente em
consonância com os caminhos da Adidas.
E outra exportação da Semana de Moda
Masculina de Londres, Sean Suen, que
agora faz, oficialmente, parte do calendário
de moda masculina de Paris. Suas silhuetas
lânguidas e formas de jaquetas envolventes
eram lindas e totalmente compatíveis com o
que veríamos mais tarde, na Dior.
Na Kenzo, onde foi uma mostra mista de
moda masculina e feminina, a conectividade
foi o tema da união. “No momento em que o
movimento dos povos e a disseminação do
diálogo intercultural marcam nosso
cotidiano mais do que nunca, nosso
interesse em contar histórias pessoais
nunca pareceu mais apropriado”, disseram
22 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 2019
Carol Lim e Humberto Leon em suas notas.
.
Como a moda mudou, ou melhor, se tornou
mais saturada com essa mistura de estilos
rápidos e brilhantes, a marca mudou-se
para um território simplesmente mais
contemporâneo. Havia algumas peças
legais aqui, a penugem era divertida entre
as mulheres. Mas foi a motivação
subjacente que pareceu ser a coisa mais
comovente a notar. Em poucas palavras, a
coleção outono/inverno 201 9 de Kenzo
atendeu à geração do Instagram.
Igualmente eclético, porém menos usável
no dia a dia, o estilista belga Walter Van
Beirendonck e o designer japonês Hiromichi
Ochiai da Facetasm misturaram e
combinaram uma infinidade de estilos e
atitudes em suas coleções. Era tudo sobre
ir além de todas as inspirações e
referências culturais para criar um estilo que
é totalmente pós-cultural, e de alguma
forma autossuficiente.
De um modo geral, conexões entre
diferentes culturas e níveis da sociedade
não são incomuns ou mesmo graduais, pelo
contrário: essa nova geração é
caracterizada por uma troca rápida e
frequente de informações e desconstrói
todos os tipos de fronteiras (culturais,
sociais e de gênero), que estão de fato
desaparecendo lentamente.
Ao mesmo tempo, esta mesma geração
mistura altos e baixos, enquanto é
obcecada com a novidade e a nostalgia ao
mesmo tempo. Além disso, com o
fenômeno #metoo em curso, a percepção
de masculinidade e identidade do homem e
seu papel na sociedade estão sendo
redefinidos.
Em
outras
palavras:
o
homem