Revista Amooreno EDIÇÃO 13 - FEV19 | Page 22

A HARMONIA DO COMERCIAL E DO CRIATIVO EM PARIS jovens estilistas”, disse Angus Chiang, estilista que vem apresentando, por várias temporadas, a sua marca taiwanesa. Mas, Chiang não é o único que vê Paris dessa forma. A CLOT, empresa fundada em Hong Kong foi lançada em 2003 por Edison Chen e Kevin Poon, e está empenhada em alcançar o mercado europeu, já tendo uma colaboração muito bem-sucedida. Seu streetwear e sportswear parecem uma oferta muito mais autêntica do que algumas marcas que vimos ultimamente. E, além dos brilhos de néon e gráficos super legais, dois ursos polares dançantes e um dançarino fizeram uma adição interessante à sua apresentação de estreia, em Paris. Também podemos ver uma pequena fatia de Londres em Paris, com David Beckham e Karlie Kloss, a Adidas Originals lançou sua parceria com o British Fashion Council, o MarkerLab. Uma espécie de três vias da Adidas, Nicholas Daley, Prya Ahluwalia e Paolina Russo mostraram coleções explorando a herança da Adidas, através de suas criatividades. Cada resultado foi diferente e cada um perfeitamente em consonância com os caminhos da Adidas. E outra exportação da Semana de Moda Masculina de Londres, Sean Suen, que agora faz, oficialmente, parte do calendário de moda masculina de Paris. Suas silhuetas lânguidas e formas de jaquetas envolventes eram lindas e totalmente compatíveis com o que veríamos mais tarde, na Dior. Na Kenzo, onde foi uma mostra mista de moda masculina e feminina, a conectividade foi o tema da união. “No momento em que o movimento dos povos e a disseminação do diálogo intercultural marcam nosso cotidiano mais do que nunca, nosso interesse em contar histórias pessoais nunca pareceu mais apropriado”, disseram 22 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 2019 Carol Lim e Humberto Leon em suas notas. . Como a moda mudou, ou melhor, se tornou mais saturada com essa mistura de estilos rápidos e brilhantes, a marca mudou-se para um território simplesmente mais contemporâneo. Havia algumas peças legais aqui, a penugem era divertida entre as mulheres. Mas foi a motivação subjacente que pareceu ser a coisa mais comovente a notar. Em poucas palavras, a coleção outono/inverno 201 9 de Kenzo atendeu à geração do Instagram. Igualmente eclético, porém menos usável no dia a dia, o estilista belga Walter Van Beirendonck e o designer japonês Hiromichi Ochiai da Facetasm misturaram e combinaram uma infinidade de estilos e atitudes em suas coleções. Era tudo sobre ir além de todas as inspirações e referências culturais para criar um estilo que é totalmente pós-cultural, e de alguma forma autossuficiente. De um modo geral, conexões entre diferentes culturas e níveis da sociedade não são incomuns ou mesmo graduais, pelo contrário: essa nova geração é caracterizada por uma troca rápida e frequente de informações e desconstrói todos os tipos de fronteiras (culturais, sociais e de gênero), que estão de fato desaparecendo lentamente. Ao mesmo tempo, esta mesma geração mistura altos e baixos, enquanto é obcecada com a novidade e a nostalgia ao mesmo tempo. Além disso, com o fenômeno #metoo em curso, a percepção de masculinidade e identidade do homem e seu papel na sociedade estão sendo redefinidos. Em outras palavras: o homem