Revista Amooreno EDIÇÃO 12 - JAN19 | Page 6

FashionTech O trabalho de Donna é apontar tendências de moda. Para tanto, desde 201 6, “ela” varre a web em busca de informações sobre desfiles no mundo todo. Nenhum detalhe lhe escapa: cortes de camisas e vestidos, modelagens, cores, estampas. No início, ela se confundia um pouco, mas agora acerta na mosca. E está treinando para, no futuro, conseguir determinar tendências por público alvo. Como ela consegue fazer esse trabalho? Simples: Donna é uma inteligência artificial. Ela foi criada pela startup catarinense Coleção.Moda, a primeira do Brasil a desenvolver uma ferramenta totalmente voltada para o gerenciamento de coleções, o que inclui um robô para prever tendências. mais recomendadas para o público alvo da marca. Thiele e Jonatas inscreveram o projeto no Sinapse da Inovação, um programa de incentivo ao empreendedorismo inovador realizado pela Fundação CERTI. Ao passarem da primeira fase, perceberam que precisariam de mais um sócio. Jonatas se lembrou, então, de um estagiário da startup onde trabalhava, Renan Goulart, 28, na época recém-formado em Engenharia Eletrônica pela Universidade Federal de Santa Catarina. Renan estava indeciso entre cursar um mestrado no Canadá ou em Florianópolis. Resolveu aceitar a proposta de Jonatas e se unir ao projeto. Em fevereiro de 201 6, no mesmo dia em que se qualificou para o mestrado, soube que a decisão foi correta: das 1 71 9 ideias inscritas no Sinapse, a Coleção.Moda foi uma das 1 00 selecionadas para receber o aporte de cerca de 1 00 mil reais, 30 mil dos quais deveriam ser dedicados à contratação de bolsistas. A designer de moda Thiele Biff, 32, muito metódica, elaborou processos para agilizar a criação e conseguir atender o maior número de clientes possível. Mas mesmo o melhor método a limitava à sua capacidade humana de gerenciamento. Até que no fim de 201 5, quando perdeu uma coleção na qual tinha passado horas trabalhando, seu marido, Jonatas Pavei, 33, sugeriu que ela considerasse automatizar o processo. Contrataram então dois programadores e começaram a trabalhar no projeto. Passaram 201 6 desenvolvendo a ferramenta. Ela não desenha por ninguém, mas permite o upload de fotos das peças. Também tem um painel de coleção, no qual o usuário pode fazer uma espécie de “gabarito” para indicar o estágio da produção da peça. Com poucos cliques, é possível saber exatamente o que falta para a coleção ficar pronta e ir para as lojas. Jonatas, que já trabalhava com startups de tecnologia, enxergava tudo claramente. Ele sugeriu criar uma ferramenta que transportasse todos os processos feitos manualmente para uma interface online, encarregando algoritmos de analisar se uma estampa já havia sido utilizada recentemente e o que ainda era preciso criar para ter uma coleção completa e equilibrada. Além disso, acreditava na possibilidade de desenvolver uma inteligência artificial que analisasse as tendências globais e apontasse quais eram as Em outubro daquele ano, o trio lançou o primeiro mínimo produto viável, mas só começou a comercializar de fato em fevereiro de 201 8. A ideia era oferecer diferentes pacotes de mensalidade para o uso da ferramenta, de acordo com o número de usuários. Os valores variavam entre 390 reais para o mais básico, com seis usuários, até 790 reais. 6 - REVISTA AMOORENO - JANEIRO 2019 Embora eles recém tenham começado a monetizar em cima do produto e sejam