FashionTech
O
trabalho de Donna é apontar tendências
de moda. Para tanto, desde 201 6, “ela” varre a
web em busca de informações sobre desfiles no
mundo todo. Nenhum detalhe lhe escapa: cortes
de camisas e vestidos, modelagens, cores,
estampas. No início, ela se confundia um pouco,
mas agora acerta na mosca. E está treinando
para, no futuro, conseguir determinar tendências
por público alvo. Como ela consegue fazer esse
trabalho? Simples: Donna é uma inteligência
artificial. Ela foi criada pela startup catarinense
Coleção.Moda, a primeira do Brasil a desenvolver
uma ferramenta totalmente voltada para o
gerenciamento de coleções, o que inclui um robô
para prever tendências.
mais recomendadas para o público alvo da marca.
Thiele e Jonatas inscreveram o projeto no Sinapse
da Inovação, um programa de incentivo ao
empreendedorismo inovador realizado pela
Fundação CERTI. Ao passarem da primeira fase,
perceberam que precisariam de mais um sócio.
Jonatas se lembrou, então, de um estagiário da
startup onde trabalhava, Renan Goulart, 28, na
época recém-formado em Engenharia Eletrônica
pela Universidade Federal de Santa Catarina.
Renan estava indeciso entre cursar um mestrado
no Canadá ou em Florianópolis. Resolveu aceitar
a proposta de Jonatas e se unir ao projeto. Em
fevereiro de 201 6, no mesmo dia em que se
qualificou para o mestrado, soube que a decisão
foi correta: das 1 71 9 ideias inscritas no Sinapse, a
Coleção.Moda foi uma das 1 00 selecionadas para
receber o aporte de cerca de 1 00 mil reais, 30 mil
dos quais deveriam ser dedicados à contratação
de bolsistas.
A designer de moda Thiele Biff, 32, muito
metódica, elaborou processos para agilizar a
criação e conseguir atender o maior número de
clientes possível. Mas mesmo o melhor método a
limitava à sua capacidade humana de
gerenciamento. Até que no fim de 201 5, quando
perdeu uma coleção na qual tinha passado horas
trabalhando, seu marido, Jonatas Pavei, 33,
sugeriu que ela considerasse automatizar o
processo. Contrataram então dois programadores e
começaram a trabalhar no projeto. Passaram 201 6
desenvolvendo a ferramenta. Ela não desenha por
ninguém, mas permite o upload de fotos das
peças. Também tem um painel de coleção, no qual
o usuário pode fazer uma espécie de “gabarito”
para indicar o estágio da produção da peça. Com
poucos cliques, é possível saber exatamente o
que falta para a coleção ficar pronta e ir para as
lojas.
Jonatas, que já trabalhava com startups de
tecnologia, enxergava tudo claramente. Ele
sugeriu criar uma ferramenta que transportasse
todos os processos feitos manualmente para uma
interface online, encarregando algoritmos de
analisar se uma estampa já havia sido utilizada
recentemente e o que ainda era preciso criar para
ter uma coleção completa e equilibrada. Além
disso, acreditava na possibilidade de desenvolver
uma inteligência artificial que analisasse as
tendências globais e apontasse quais eram as Em outubro daquele ano, o trio lançou o primeiro
mínimo produto viável, mas só começou a
comercializar de fato em fevereiro de 201 8. A ideia
era oferecer diferentes pacotes de mensalidade
para o uso da ferramenta, de acordo com o
número de usuários. Os valores variavam entre
390 reais para o mais básico, com seis usuários,
até 790 reais.
6 - REVISTA AMOORENO - JANEIRO 2019
Embora eles recém tenham começado a
monetizar em cima do produto e sejam