Revista Amooreno Edicão 08 - SET18 | Page 24

EU ME AMO No fundo, é disso que se trata esse rebuliço todo. A ideia não é parecer mais nova ou mais velha, mas formidável. Vida longa aos sem-geração. A bandeira da pluralidade, agora, apresenta-se em vários desfiles, como no caso das apresentações de moda praia da Água de Coco, da megarrede de fast- fashion Renner, e da À La Garçonne (ALG), de streetwear. São três marcas com perfis e públicos bastante distintos, mas um engajamento parecido. E suas passarelas comunicam essa postura mais flexível. “Não existe mais fazer maiô só para gente magra e perfeita. Todo mundo é igual, então precisa ter essa inclusão”, explica a estilista Liana Thomaz, da Água de Coco. “A gente sempre teve essa preocupação, mas, como o mundo está mudando muito, quisemos colocar isso em evidência”, completa ela. Investindo nessa mesma pluralidade, mas com uma abordagem diferente, o empresário Fábio Souza, da ALG, é outro que gosta de ter figuras incomuns em seus desfiles. “Não são belezas óbvias, são pessoas com muita personalidade. É importante representá-las da forma como elas querem ser vistas”, fala. No último desfile de Alta Moda da Dolce & Gabbana, a aristocrata Lady Kitty Spencer, sobrinha da princesa Diana, estreou na passarela, seguida pela chef britânica negra Emma Weymouthbas. A modelo canadense Maye Musk, de 70 anos, mostrou uma túnica florida e a belíssima Ashley Graham, diva do plus size, encarnou a mamma italiana. “A moda não veste só modelos, ela veste diferentes tipos de pessoas. Por isso, fizemos questão de chamar amigos, personalidades de outros mundos, gente de diversos tipos”, diz Domenico Dolce. “A ideia de o estilista ditar a moda sozinho, usando modelos sem 24 - REVISTA AMOORENO - SETEMBRO 2018 personalidade que não têm nada a dizer para apresentar essas roupas, está ultrapassada”, finaliza Stefano Gabbana. Ainda que se achar bonito passe pelo olhar do outro, ou seja, uma construção social, é também uma decisão pessoal, que tem tudo a ver com a autoestima. Pare de se importar excessivamente com a opinião dos outros. O caminho para essa revolução se constrói na sua intimidade. São necessários outros pensamentos, outras palavras. E mais gente como você, seja lá qual for a sua beleza. ‘Torna-te quem tu és’, já recomendava o filósofo alemão Friedrich Nietzche.