No anonimato das grandes cidades, um padrão de beleza se tornou o principal
passaporte de diferenciação e afirmação. Nunca fomos tão exibidos. E nem tão
deprimidos e ansiosos. O padrão de beleza tomou o lugar da alma no centro dos
cuidados. Gordura é sinal de passividade. Rugas também. Imperdoável para um
tempo em que ser ativo é a norma.
Com a revolução digital, qualquer um produz e divulga o seu próprio editorial de
moda e beleza. Não preciso dizer que estamos nos exibindo o tempo todo, e nas
vitrines das redes sociais, contabilizamos cada clique de aprovação, cada curtida.
Hoje somos governados pela ideia de que é preciso ser bem-sucedido em tudo, de
que somos empresários de nós mesmos e não podemos, de maneira nenhuma,
falhar, inclusive na gestão do nosso próprio corpo.
Mas, para muitos, cai a ficha de que magreza e felicidade não são sinônimos. E, de
repente, todos os sacrifícios, todo o tempo perdido e todo o dinheiro investido em
perder peso deixam de fazer sentido.
Os padrões existem? Sim. Mas as regras nasceram para ser quebradas,
sobretudo, agora, que as diferenças se impõem. E existe algo novo no mundo da
moda, basta olhar para algumas das principais campanhas atuais, que buscam
incorporar e dar visibilidade à diversidade e etnias. Portanto, o novo, não é tão
novo assim. Esse movimento, obviamente, não acontece à toa.
Jared Leto
SETEMBRO 2018 - REVISTA AMOORENO - 19