Revista Amooreno Edicao 07 - AGO2018 | Page 9

Paizão de modelos Aos 1 7 anos, João Henrique tinha uma missão: acompanhar sua irmã mais nova no trabalho. Marília Almeida, que na época tinha 1 3, já era modelo. E era papel do irmão ir com ela onde fosse necessário. Nem imaginava João que seu futuro também seria decidido ali - afinal, ele fazia faculdade de arquitetura. Mas... “Eu sempre fui muito curioso, queria saber todos os detalhes dos contratos dela. E falava bem inglês. Um dia, a agente de Marília virou para mim e falou: ‘já que você é curioso assim, vai ser nosso booker internacional’. Ela me deu uma lista com números de várias agências de fora, e me mandou ligar para ‘vender’ as modelos”, recorda. Hoje, 1 5 anos depois e aos 32, João não vive mais em Salvador - mora em Nova Iorque, onde é dono da sua própria agência, a Canvas. “O nome quer dizer ‘tela em branco’. Essa é a ideia: quero os modelos mais espontâneos possíveis. O quadro em branco é para que eles desenvolvam seus talentos. Em vez da agência ditar quem eles são, eles determinam o que eles querem”. No casting, há nomes nacionais e internacionais, como os baianos Ariel Rosa, Lenny Nunes e Bárbara Valente. Com seus contatos ao redor do mundo, João foca no mercado exterior antes do Brasil. “O nosso país não valoriza o que é nosso. Então, fazemos esse caminho inverso: primeiro, eles estouram lá e, depois, chegam aí. Assim, já voltam com bagagem e com nome reconhecido”. Mas, afinal, como ele saiu de um estudante de arquitetura de 1 7 anos para um manager internacional? É que, na hora da proposta daquela agente, ele aceitou a missão, mesmo sem receber nada. Ficou ali por um ano, até que a agência fechasse. Foi o suficiente. “Luciano Alcanfor, que também trabalhava lá, me convidou para abrirmos nossa própria agência. Conseguimos chamar a atenção de uma agência francesa, que pediu para nos conhecer. Mas não era só isso: ela nos absorveu, e virei sócio da empresa no Brasil”. Alguns anos depois, outra guinada na carreira: foi atuar no departamento internacional da Joy Model. Lá ficou por cinco anos, até janeiro deste ano. Em março, abriu a Canvas. “Se acho divertido o que faço? Sem dúvida. Mas o mais interessante é que a gente vira ‘pai’ daqueles modelos. mesmo tempo, se eles se frustram com algo, ficamos Vemos eles se desenvolverem, amadurecerem. Ao frustrados juntos. Tem uma carga emocional muito grande. Viramos melhores amigos”. AGOSTO 2018 - REVISTA AMOORENO - 9