Paizão de modelos
Aos 1 7 anos, João Henrique tinha uma missão:
acompanhar sua irmã mais nova no trabalho. Marília
Almeida, que na época tinha 1 3, já era modelo. E era
papel do irmão ir com ela onde fosse necessário. Nem
imaginava João que seu futuro também seria decidido
ali - afinal, ele fazia faculdade de arquitetura. Mas...
“Eu sempre fui muito curioso, queria saber todos os
detalhes dos contratos dela. E falava bem inglês. Um
dia, a agente de Marília virou para mim e falou: ‘já que
você é curioso assim, vai ser nosso booker
internacional’. Ela me deu uma lista com números de
várias agências de fora, e me mandou ligar para
‘vender’ as modelos”, recorda.
Hoje, 1 5 anos depois e aos 32, João não vive mais em
Salvador - mora em Nova Iorque, onde é dono da sua
própria agência, a Canvas. “O nome quer dizer ‘tela em
branco’. Essa é a ideia: quero os modelos mais
espontâneos possíveis. O quadro em branco é para
que eles desenvolvam seus talentos. Em vez da
agência ditar quem eles são, eles determinam o que
eles querem”.
No casting, há nomes nacionais e internacionais, como
os baianos Ariel Rosa, Lenny Nunes e Bárbara Valente.
Com seus contatos ao redor do mundo, João foca no
mercado exterior antes do Brasil. “O nosso país não
valoriza o que é nosso. Então, fazemos esse caminho
inverso: primeiro, eles estouram lá e, depois, chegam
aí. Assim, já voltam com bagagem e com nome
reconhecido”.
Mas, afinal, como ele saiu de um estudante de
arquitetura de 1 7 anos para um manager internacional?
É que, na hora da proposta daquela agente, ele aceitou
a missão, mesmo sem receber nada. Ficou ali por um
ano, até que a agência fechasse.
Foi o suficiente. “Luciano Alcanfor, que também
trabalhava lá, me convidou para abrirmos nossa própria
agência. Conseguimos chamar a atenção de uma
agência francesa, que pediu para nos conhecer. Mas
não era só isso: ela nos absorveu, e virei sócio da
empresa no Brasil”.
Alguns anos depois, outra guinada na carreira: foi atuar
no departamento internacional da Joy Model. Lá ficou
por cinco anos, até janeiro deste ano. Em março, abriu
a Canvas.
“Se acho divertido o que faço? Sem dúvida. Mas o mais
interessante é que a gente vira ‘pai’ daqueles modelos. mesmo tempo, se eles se frustram com algo, ficamos
Vemos eles se desenvolverem, amadurecerem. Ao frustrados juntos. Tem uma carga emocional muito
grande. Viramos melhores amigos”.
AGOSTO 2018 - REVISTA AMOORENO - 9