O Fashion for Good tem como foco principal nutrir essas diferentes iniciativas que estavam
pipocando isoladamente, conectá-las aos mercados e entre si num modo que chamamos de
pré-competitivo. Tradicionalmente a inovação é um fator de vantagem competitiva. Quando
você reúne várias marcas na mesma mesa para apresentar um tipo de inovação [que pode
beneficiá-las igualmente], isso é uma coisa bastante nova.
Outro assunto fundamental para a C&A Foundation é a transparência. Se você não trabalha
com transparência, você não assume sua responsabilidade e não pode cobrar as mudanças
de comportamento que buscamos. Isso se aplica às marcas, aos fornecedores e aos
trabalhadores. Trabalhadores precisam de informação para que eles possam defender o que
é melhor para eles. Isso também se aplica aos consumidores e aos governos.
Quando se fala em transparência queremos dizer que é sobre ter informações que permitam
a todos da cadeia produtiva ser responsáveis por suas ações, empoderando trabalhadores,
por exe mplo, ou para que governos façam seu trabalho se certificando de que essas fábricas
trabalhem de acordo com padrões de conformidade. “Estou empolgada com o potencial da
transparência combinado as tecnologias, como o blockchain, por exemplo. É a primeira vez
na História em que estamos aptos a ter transparência desse grau numa indústria tão dispersa
geograficamente”.
É assustador, mas se você observar alguns índices de transparência, as coisas estão
melhorando. Há três anos, eram apenas seis marcas participando de projetos como o
Fashion Revolution, agora são 1 50 e tenho escutado na indústria que as marcas estão
abraçando a ideia. Desta forma, você consegue ver onde todo mundo está e entender em
que ponto você se encontra e onde tem que melhorar. Então é assustador, sim, é assustador
ser avaliado. Mas só assim posso ir até meu CEO e dizer: "Ei, olha aqui, a gente está meio
baixo nessa lista, precisamos melhorar".
Somos uma fundação corporativa e estamos fundamentados numa família bastante
empreendedora, então conversamos sobre nossos progressos em termos de negócios, o que
agrada aos nossos acionistas. O maior desafio é que tudo isso é certamente bom no médio
prazo, mas queremos mudar o sistema e isso é uma coisa mais difícil de mensurar.
Acho que minha meta número um dos sonhos é tornar a transparência a norma para o
modelo operante na indústria. Número dois: não tenho certeza que isso seja possível em dez
anos, mas queria que nosso trabalho pudesse impactar milhões de trabalhadores e
agricultores, que tenham condições de trabalho decentes e dignas. Em terceiro lugar,
adoraria que indústria, marcas, revendedores e fornecedores percebessem que precisamos
de modelos de negócio circular. Precisamos desafiar essa maneira velha de fazer as coisas,
e abraçar novas abordagens para essa indústria.
"Precisamos desafiar essa maneira velha de fazer as coisas e abraçar novas abordagens
para essa indústria".
AGOSTO 2018 - REVISTA AMOORENO - 17