Revista Amazônia Nativa #2 | Page 41

O FIM DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL
Entre 2012 e 2019 , o Prodes , sistema vinculado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais ( INPE ) e que monitora desmatamentos por satélite , identificou 33 . 583 hectares de desflorestamento ilegal em terras indígenas ainda não demarcadas , situadas em Mato Grosso . Já entre 2013 e 2017 , foram 55 . 924 hectares de exploração florestal ilegal nos territórios indígenas não homologados , inseridos no estado mato-grossense . Em março deste ano , em um desses territórios , a TI Piripkura , onde vivem povos originários em situação de isolamento voluntário , uma área de 518 hectares foi aberta ilegalmente .
A extensão equivale ao espaço ocupado por 298 mil árvores . Os dados são do Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real ( Deter ) do INPE . Na avaliação de Eliane Xunakalo , assessora institucional da Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso ( Fepoimt ), o PL ilustra claramente as intenções do governo federal em se valer do contexto da pandemia de covid-19 para “ passar boiada ” – parafraseando a já fatídica expressão utilizada pelo ministro do Meio Ambiente , Ricardo Salles . “ Em meio ao caos na saúde , nas políticas públicas de inclusão social , na economia e desemprego , qual a necessidade em se mexer com licenciamento ambiental em um momento desses ?", questiona .