ABREVIS em revista
GLADIADORES NA ARENA DE JOINVILLE:
MÁ GESTÃO DA SEGURANÇA?
O
jogo de futebol entre os clubes Atlético Paranaense e Vasco da Gama, ocorrido em
Joinville/SC, no domingo do dia 08/12/2013, foi palco de agressão entre torcidas,
causando lesões graves e hospitalizações de torcedores.
Os promotores do evento, com mando de campo pelo Atlético Paranaense, teriam contratado apenas 90 seguranças privados (stewards) para um público de 8.978, bem aquém da proporção média preconizada de 1 x 100 (um segurança para cada cem espectadores). A Polícia
Militar interveio e, depois de controlada a situação, substituiu a segurança privada durante
o restante do jogo.
José Jacobson Neto
Presidente da ABREVIS
Os noticiários nacionais e internacionais deram ênfase ao evento, procurando adiantar
o que poderia ser da Copa do Mundo de 2014. No site do TERRA de 08/12/13: PM se isenta
por pancadaria e diz que segurança era de empresa privada - Segundo a PM, a segurança no estádio foi contratada pelo Atlético-PR, já que se trata de um evento privado, como
acordado com o Ministério Público (MP-SC). O MP, entretanto, negou a alegação e disse em
nota “que não fez nenhuma Recomendação ou Ação que impeça a Polícia Militar de atuar
no interior do estádio Arena em Joinville”.
No site do UOL em 09/12/13: Copa terá polícia dentro do estádio além de segurança privada
- A informação é do COL (Comitê Organizador Local) que confirmou que será usado o mesmo
modelo da Copa das Confederações, com mistura de agentes dentro da arena. O modelo de segurança da FIFA para a Copa é diferente. Também está previsto que empresas privadas atuarão
na proteção dos jogos. Desarmados, eles farão o controle diretor do torcedores e farão a primeira
abordagem em caso de algum distúrbio. Mas, dentro do estádio, haverá uma força tática policial especializada de prontidão. No caso de qualquer indício de confusão, esses policiais já serão
acionados para intervir para conter a confusão.
O fato é lamentável e vem manchar o belo trabalho que a segurança privada tem realizado
até esse momento nos estádios de futebol, a começar pela Copa das Confederações. Veio a contrariar o modelo integrado de segurança nos estádios, entre segurança pública e segurança privada. A nova doutrina, adaptada à realidade brasileira, é exemplo na Europa e preconizada no
Regulamento de Segurança da FIFA. Segundo consta na Portaria no 3.233/12 da Polícia Federal,
para ser steward, o “segurança” deve ser vigilante, sem antecedentes criminais e deve possuir
o Curso de Extensão para Grandes Eventos.
Com a regulação pela Polícia Federal, as entidades de classe, que representam as empresas
de segurança privada, fizeram ampla divulgação do modelo integrado. Vide abaixo os slides.
O evento de Joinville é um ponto fora da curva dos acontecimentos, pois a empresa contratada atuou com baixo efetivo e a PM não estava presente no estádio, nada parecido com o modelo aplicado na Copa das Confederações, quando a segurança privada segurou os estádios e o
efetivo policial pode se ocupar e controlar, com êxito, as manifestações públicas.
Certamente, o modelo integrado será usado no Mundial do ano que vem. Não será um fato
isolado responsável por macular a imagem da segurança privada e retirar sua competência de
atuar dentro dos estádios. Incidentes desta natureza, infelizmente, estão no histórico desse tipo
de evento no Brasil, no entanto, também deve-se reconhecer que houve evolução. Se de um lado
há ‘gladiadores’ e vândalos, de outro há um modelo integrado com eficácia comprovada. Injusto
“crucificar” a segurança privada quando a falha envolve falta de educação e de planejamento.
ABREVIS em revista
|2| setembro / dezembro 2013