ABREVIS em revista
Liderança questionada
* Tom Coelho
A
cada dois anos, o mês de outubro é marcado em nosso país pela ocorrência de
eleições. Já dentro dos muros das empresas, as eleições não têm data agen* Tom Coelho é educador,
dada. Elas acontecem constantemente, em campanhas não declaradas de
conferencista e escritor.
candidatos a cargos hierarquicamente mais elevados. Chefes que querem se
É autor de “Somos Maus
tornar supervisores, que desejam assumir gerências, que sonham com diretorias, que penAmantes – Reflexões
sam estar preparados para a presidência da companhia. Acredite, seu cargo pode, neste
sobre carreira, liderança
momento, estar sendo alvejado por terceiros, provenientes do seio da empresa ou de fora
e comportamento”,
dela. Afinal, toda liderança é situacional e transitória.
“Sete Vidas – Lições para
É da natureza humana postular sempre o “mais”. Se você tem um carro popular, trabaconstruir seu equilíbrio
lha para adquirir um mais completo. Se reside em um imóvel alugado, quer comprar sua
pessoal e profissional” e
casa própria. Se ocupa um cargo operacional, tenciona uma posição estratégica e de maior
coautor de outras cinco
remuneração.
obras.
Analogamente, as empresas esperam maior participação de mercado (market share),
maior reputação de marca (share of mind), maior lucratividade e rentabilidade (Ebitda).
Assim, para potencializar os resultados, acredita-se que o caminho ideal seja promover mudanças. Neste caso, invariavelmente o atalho é tro car a liderança.
Uma pesquisa sobre os motivos das demissões, realizada pela H2R e Right Management, a pedido da revista Você S/A, apontou que 61% dos profissionais acreditavam que
poderiam perder seus empregos por problemas de atualização, conhecimento e habilidade
técnica ou por falta de experiência. Entretanto, 87% das organizações declararam, naquela
ocasião, demitir profissionais por causa de suas atitudes, temperamento, falta de garra ou
por problemas de relacionamento interpessoal.
Outra pesquisa similar voltou a ser realizada. Desta
vez, apenas 32% das organizações informaram demitir profissionais devido às suas atitudes; porém, 29%
“Lidere, siga ou saia do
apontaram como principal motivo os resultados gerencaminho.”
ciais não alcançados. De fato, o nome do jogo é “fazer
acontecer”.
(Ted Turner) ”
Quando um time de futebol não vai bem, o técnico é
demitido e não todo o elenco. Se em uma sala de aula o
rendimento da maioria dos alunos em uma disciplina é insatisfatório, o professor é modificado. Quando cai o número de fiéis em uma igreja, o pastor é substituído. Se a empresa não
atinge suas metas, são os líderes que pagam o pato!
A esta altura, você deve estar se questionando sobre o que deve ser feito para defender
sua posição. A resposta está em reinventar-se. Seu maior risco é a acomodação. Acreditar
que o bom é suficiente onde o ótimo é esperado. Contentar-se com o azul da última linha
do balanço, quando a expectativa era cravar indicadores com crescimento relativo de dois
dígitos.
O segredo do sucesso está em demonstrar real interesse pelas pessoas, descobrindo o
valor e potencial individual de cada membro de sua equipe, inspirando-os e despertando-lhes a vontade de fazer, e não de cumprir ordens.
Abraham Shashamovitz, ex-vice-presidente da Nextel, dizia que para gerenciar uma organização você utiliza os músculos e a razão, mas para liderar de verdade deve usar também o coração.
O mais difícil não é alcançar a liderança. É permanecer no topo. O alto da montanha é
de acesso restrito, normalmente de trajeto íngreme, repleto de armadilhas e emboscadas.
Mas lembre-se: nunca há lugar para sentar!
ABREVIS em revista
|6| março / abril 2013