RESENHA DA 301 ADM - EDIÇÃO ESPECIAL: ÚRSULA
EDITORIAL
No dia 25 de julho foi comemorado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-
Americana e Caribenha e Dia Nacional de Tereza de Benguela. Mas, além de uma
comemoração por ter dado a estas mulheres um espaço no qual sempre lhes deveria ter sido
permitido, reflexões devem ser feitas acerca do objetivo desse dia. Perguntar-se sobre quantas
mulheres negras você vê exercendo as profissões de professoras, médicas, advogadas,
engenheiras e muitas outras, torna-se uma indagação importante. Bem como se perguntar
sobre quanto livros de escritoras negras já teve a oportunidade de ler!
Segundo a pesquisa de Regina Dalcastagnè, professora da Universidade de Brasília,
analisando 258 narrativas literárias publicadas no período de 1990 até 2004, cerca de 79,8% das
personagens protagonistas são brancas, e com os números entre autoras e autores produzindo
literatura, os dados não são tão diferenciados.
No intuito de trazer a literatura feminina para o cotidiano escolar, a Revista (A Resenha da
301) apresenta, em sua primeira edição, as resenhas produzidas por alunas e alunos da turma
301 ADM, do Instituto Federal - Campus Osório, sobre a obra intitulada “Úrsula” (1859), escrita
pela nordestina Maria Firmina dos Reis.
Geralmente, quando falamos de resenhas, pensamos logo aquele resumo que tanto nos
salva na hora da prova, ou que futuramente nos auxiliará a não temer as listas de leituras
obrigatórias para o vestibular. Mas aqui, em nossa revista, nesta primeira edição, queremos te
mostrar como uma resenha pode carregar consigo um elemento muito mais proveitoso que só
uma nota boa em um exame: a vida e obra de uma escritora negra que durante tanto tempo foi
esquecida.
O romance “Úrsula” fala de amores proibidos e de como a cor e status de um indivíduo
pode acabar sendo crucial em seus últimos momentos de vida. Claro que, com uma pitada de
dramaticidade (sejamos compreensivos, a época pedia!), apresenta o amor como a arma que dá
o tiro no peito e acaba com a dor da vida mal vivida. Mas fala também da vida dos escravos, que
receberam forte protagonismo na trama. Ali suas histórias de vida e os desafios que passaram
são lembretes de um passado severo, mas que não os deixou desistirem de serem quem eles
são. Colocar um escravo e um nobre juntos, salvando vidas e trabalhando em harmonia é, com
certeza, um dos pontos mais importantes da trama. Uma cumplicidade em uma época tão
conturbada como fora aquela.