Resenha da 301 ADM Resenha da 301 ADM | Page 13

C A M I L A Resenha da obra "Úrsula" C A N D E I A S Título do livro: Úrsula e outras obras; Ú R S U L A Editora: Edições Câmara; Amazon, Kindle Número de Páginas: 290 páginas; Autor (a): Maria Firmino dos Reis; ÚRSULA A obra da Maria Firmino dos Reis, publicada em 1859, “Úrsula”, conta a história da jovem Úrsula, uma moça bonita e solteira que se apaixona por Tancredo. A história dos dois se torna complicada quando o tio de Úrsula se apaixona e casar com ela. O livro conta a trama desse romance e mostra como tudo vai se complicando conforme a narrativa avança. Além do romance de Úrsula com Tancredo, conta a história dos escravos Túlio, mãe Suzana e Antero, explorando muito sobre a definição de liberdade a partir da fala dos personagens negros. A obra começa contando como Úrsula e Tancredo se conhecem. Tancredo é levado para a casa da moça depois de ser salvo pelo jovem Túlio, um escravo honrado. As características da personagem ficam claras desde o início, um homem bom, que não se deixou amargurar mesmo com as condições desumanas que se encontra como escravo. A narrativa tem o vigor de ressaltar os traços nobres desse humilde escravo. Túlio tem a sua liberdade prometida por salvar a vida de Tancredo, o que faz com que ele enxergue a liberdade em sua frente com euforia e bom grado, um pensamento que não visto e compartilhado da mesma forma por mãe Susana. A mãe Suzana não vê alforria como uma forma de liberdade, pois ela sabia o que realmente era ser livre. Para ela ser livre era muito diferente de somente não ter um dono, era ser tratada como igual. Naquela época, no Brasil, realmente ganhar alforria não significava muita coisa, pois os negros não conseguiam se inserir na sociedade e tinham que voltar a trabalharem nas casas de seus senhores, a discriminação racial nessa época era gigantesca, o que tornava a vida de um negro sempre fadada a ser um escravo. Na mesma linha de raciocínio da mãe Suzana nós temos o Antero, um escravo que por conta do imenso sofrimento se torna um viciado, tentando cicatrizar suas feridas através das bebidas alcoólicas. Maria Firmino como uma mulher negra, dá humanidade aos personagens escravos, o que nenhum escritor da época havia feito e nem por muito tempo depois. A posição do negro nessa narrativa é muito importante, porque a autora os põe em um patamar de igualdade junto aos brancos, mesmo em uma época escravocrata, por meio dos traços valorosos que atribui a eles e pelo domínio da linguagem e capacidade de elaboração de pensamentos complexos, ou seja, dá aos negros características que eram de domínio do branco. Edição 1 - 2019 - Úrsula e outras obras