Resenha da 301 ADM Resenha da 301 ADM | Page 10

B R U N A Úrsula F . N A I A R A Títulodo livro: Úrsula e outras obras V . Ú R S U L A Editora: Câmara dos Deputados Ano: 2018 Número de páginas: 306 Autor (a): Maria Firmino dos Reis OBS: Livro originalmente publicado em 1839, mas a edição resenhada foi publicada em 2018 ÚRSULA: Uma apreciação sobre a obra O romance intitulado “Úrsula”, publicado em 1859, de Maria Firmino dos Reis, na época com o pseudônimo “uma maranhense”, aborda temas que há muito tempo assola nossa sociedade, além de questões consideradas importantes para que se entenda o momento em que era vivido na época. A autora foi a primeira mulher negra a publicar um romance abolicionista, superando os obstáculos que pudesses existir no século XIX, e se tornando um exemplo de mulher, negra e afro-brasileira pela ousadia e coragem de abordar temas como escravidão em um país de domínio escravocrata e patriarcal. O leitor é apresentado a diversos personagens da época. Temos Úrsula (uma jovem bela, humilde e órfã de pai), mulher digna de caráter, que cuidava de sua mãe, um tanto ingênua, nunca tendo vivido um amor e conhecendo pouco da vida. Era a legítima mulher pura da sociedade, representando todas àquelas mulheres que buscavam um amor verdadeiro e com quem pudessem ficar até a morte, fato que hoje acaba se tornando um tanto superado. Úrsula acaba conhecendo Tancredo (um moço sofredor de amor e de família rica), extremamente romântico e que teve o coração partido, mas mesmo assim não deixou de acreditar no amor. Temos também o tio de Úrsula (o vilão autoritário), obcecado pela sobrinha e que, junto com Tancredo, forma um triângulo amoroso. Há personagens secundários como Luiza B. (mãe de Úrsula e doente), representando a mulher “cega de amor” que se casa e acaba sofrendo nas mãos do marido e Adelaide, jovem ambiciosa. Por fim, temos Túlio, mãe Suzana e Antero sofredores da vida, com diferentes histórias e que representam a imagem no negro escravo na sociedade. Ao escrever a obra, Maria Firmino busca tratar a escravidão pelo viés da humanização do negro, dando voz aos escravos brasileiros e apresentando-os como parte da sociedade, fato que não se via na época, pois negros eram apenas para finalidades de uso, um objeto de troca. Ela descreve intensamente o momento vivido, no qual os negros sofriam nas mãos dos brancos e eram diminuídos e açoitados pelos mais cruéis dos seres humanos, o próprio homem. A leitura nos mostra, em uma época em que não se falava sobre isso, o passado do negro africano, sua memória, ancestralidade e o apego a sua terra africana, esse é um dos pontos mais alto da obra. . Edição 1 - 2019 - Úrsula