Relatório de Atividades e Contas 2018 RAA_2018 | Page 14
1.1. 2018: ENQUADRAMENTO(S)
Existe futuro… mas qual vamos escolher?
As alterações sociais, familiares e demográficas têm colocado alguns desafios, não só às
instituições que promovem respostas na área social, mas à sociedade civil no geral, a nível
regional, nacional e europeu.
Segundo dados do INE, cerca de 20% do total da população portuguesa é de pessoas idosas,
podendo chegar a 35% do total, em 2070 e o Distrito de Coimbra apresenta uma taxa de
envelhecimento de 192,6%, com população concentrada sobretudo nos Concelhos da
Figueira da Foz e Coimbra. O despovoamento do interior do país e a forte tendência de
litoralização têm feito desaparecer a população na zona rural, que é agora caraterizada
por aldeias e vilas que são habitadas em sua maioria por pessoas idosas. Esta mudança
demográfica está a afetar diversamente a sociedade, na sua economia, nas famílias e nos
próprios indivíduos. Por exemplo, a despesa com saúde que equivale, hoje, a 6% do PIB,
em 2070 pode chegar a 8,3%.
E como está isto a ser prevenido ao nível das políticas públicas?
O descolamento dos cidadãos, dos diversos setores da sociedade, das formas de distribuição
de poder e de tomada de decisão tem-se vindo a acentuar. A relação de distanciamento
com a política e com a participação democrática, quer seja pelo alijamento burocrático,
quer pela sobreposição de problemas e dificuldades, como o desemprego, a marginalização
tem dado lugar a discursos de ceticismo e ausência da discussão sobre a formulação de
políticas públicas.
Não se tem demonstrado, até à data, o alinhamento de políticas públicas na saúde e apoio
social, no qual pessoas e infraestruturas estejam também integrados, diminuindo custos e
tornando os indivíduos mais autónomos nas suas limitações. A implementação de
desenvolvimentos tecnológicos junto da população em geral tem vindo a revelar-se
frutífera e profícua no aumento da qualidade de vida. Por isso, e cada vez mais, terá que
existir uma consciencialização de todos os intervenientes (políticos, instituições,
cuidadores e até dos próprios cidadãos) de que ambientes amigáveis e personalizados
favorecem uma maior qualidade de vida e o desenvolvimento societal.
As IPSS, que subsidiariamente substituem o Estado na provisão de serviços sociais e de
saúde, não têm sido capacitadas e reforçadas para uma participação concertada na tomada
de decisões. Não são tidas como as mais habilitadas para indicar as reais necessidades e
caminhos de futuro – apesar de serem elas a contactar com os cidadãos todos os dias!
Mesmo que para tal estejam preparadas e disponíveis, não têm o devido enquadramento
para fazer as alterações necessárias que lhes permitam proporcionar serviços com mais
qualidade, mais personalização e mais adequação às especificidades de cada pessoa e cada
contexto.
O que se vem assistindo é à massificação dos cuidados, à desresponsabilização do Estado e
à passagem de responsabilidades para a sociedade civil, famílias e organizações, quando
estas não têm os recursos para o assumirem com qualidade.
Como definimos o nosso futuro? Queremos, de facto, uma Região atrativa, que cuida dos
seus, cresce e é próspera? Então, é necessário investir nela.
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