Relatório da Comissão de Direitos Humanos da Alerj - 2015 | Page 108

RELATÓRIO DA COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA DA ALERJ | 2015 | 107 outro golpe. Não deixaram a gente achar eles para enterrar. Nem o atestado de óbito eu tenho. Dizem que o crime prescreveu e isso acabou com a gente. Acabou tudo. A gente não vai ter justiça. E todo mundo foi morrendo, só falta a gente. Mas a gente sobrevive dia a dia pelos meus outros filhos, meus netos, mas meus filhos todos mudaram depois disso. Somos nervosos. Todo mundo aqui demorou muito para reconstituir suas vidas e no fundo nunca foi igual. Eu como as outras estou ficando doente. Veja esse caroço aqui (apontou o braço). Eu não sei o que é e já tentei atendimento em tudo quanto é lugar e não consigo. O médico disse que pode ter outro no seio, mas não consigo fazer mamografia. A gente vai morrer e não vai ter solução. A gente vai morrer sem justiça! A entrevista com Dona Ana e Dona Tereza foi realizada pela equipe técnica da CDDHC Alerj em setembro de 2015. Desde então, a Comissão tenta viabilizar junto aos órgãos públicos do Estado atendimento psicológico e de saúde. O Instituto de Defesa dos Direitos Humanos junto com a Comissão também vem acompanhando o caso das Mães de Acari na Secretária de Assistência Social e Direitos Humanos do Estado do Rio de Janeiro. O próximo capítulo abordará as situações de violações nos espaços de privação de liberdade, além da vitória relativa à lei que põe fim à revista íntima e vexatória nas unidades penitenciárias e do Degase. Há ainda uma reflexão sobre a privatização dos presídios e o retrocesso social representado pela redução da maioridade penal e encarceramento da juventude.