3.4.1. ENTREVISTA: THIAGO BASSI
“ A igualdade de direitos deve ser a união de todas as letrinhas LGBTTs”
Leon Diniz
Thiago Bassi acredita que a mobilização da população LGBT dá visibilidade e fortalece a identidade de gênero
Essa é a opinião de Thiago Bassi, um dos ativistas do coletivo de mobilização Tem Local? 13, que busca através de uma plataforma colaborativa mapear casos de lgbttfobia em território nacional. A proposta é combater o preconceito que desumaniza, principalmente porque as estatísticas produzidas atualmente por órgãos públicos são defasadas. De acordo com Bassi, em virtude do método de categorização aplicados por essas instituições, os casos de violações dos direitos das Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Trangêneros são subnotificados. Por isso, destaca os coletivos de mobilização de rua como uma nova experiência na luta por direitos e bandeiras LGBTT, por promover a visibilidade e o empoderamento da população LGBT, como as ações da Frente Beijo na Praça 14.
CDDHC: Como são essas experiências de coletivos em mobilizações de rua contra lgbttfobias? Thiago Bassi: Normalmente, temos órgãos públicos e ONGS que não estão representando o movimento LGBTTs em sua base, porque eles deixam de ouvir a coletividade. Com isso, o movimento está se empoderando e agrupando em coletivos que escutam o que as ruas dizem. Ouvir os LGBTTs é importante, mas as ONGs se esqueceram disso. Há pouca credibilidade nesses tipos de entidades. Até o órgão estadual do Rio Sem Homofobia que teria essa atribuição, ouvir as ruas, não tem ouvido. A 3 ª Conferência LGBTTs está seguindo o padrão do discurso oficial do governo nacional no formulário de inscrição, pondo identidade de gênero e orientação sexual para serem preenchidas juntas no mesmo campo. Eles não entendem que uma pessoa trans, por exemplo, pode ser bissexual, então ou eu visibilizo a minha transsexualidade ou a minha bisse-
13. O Tem Local? é uma ferramenta colaborativa que visa mapear a lgbttfobaias em todo o Brasil. Tem como proposta dar voz aos casos não registrados por medo, vergonha, impunidade ou por desconhecimento. Na ferramenta, indica-se no mapa o local onde ocorreu a agressão que pode ser realizada de forma anônima. Veja em < www. temlocal. com. br >.
14. A Frente Beijo na Praça é uma mobilização coletiva de ocupação LGBTTs de praças e ruas do Rio de Janeiro, promovendo o questionamento a casos de lgbttfobias a partir de intervenções públicas com um beijaço e outras atividades, como o organizado pela Frente na Praça São Salvador, entre outros, como o ocorrido em 27 de março de 2015, na Praça São Salvador, no qual foi realizado um beijaço:“ se a violência não acabar, na praça eu vou beijar”.