Relatório da Comissão de Direitos Humanos da Alerj - 2015 | Page 16

RELATÓRIO DA COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA DA ALERJ | 2015 | 15
Além de garantir a formação de uma equipe multidisciplinar, a constante preocupação em melhor atender a população do Rio de Janeiro fez com a CDDHC da Alerj recorresse ao conhecimento tecnológico produzido pela Engenharia de Produção para otimizar os atendimentos. A partir dessa necessidade, uma parceria com o Núcleo Interdisciplinar para o Desenvolvimento Social( NIDES) do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro foi formalizada e gerou, em 2015, importante contribuição no processo de sistematização e gerenciamento dos atendimentos.
1.3. O PAPEL DA ENGENHARIA NA AMPLIAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Por Celso Avellar *
A engenharia é tradicionalmente conhecida como um campo do conhecimento distante das problemáticas sociais, por estar voltada principalmente para atender as demandas das grandes empresas. Na Universidade Federal do Rio de Janeiro, não é muito diferente, grande parte dos projetos de pesquisa estão voltados para demandas de corporações nacionais e internacionais, e pouco se vê trabalhos voltados para órgãos públicos, e muito menos para movimentos sociais, organizações comunitárias e grupos organizados de trabalhadores.
Nesse contexto, em 2013 foi criado o Núcleo Interdisciplinar para o Desenvolvimento Social( NIDES), dentro do Centro de Tecnologia da UFRJ, com o objetivo de pensar a engenharia e o desenvolvimento de tecnologias para estes públicos que não recebem o devido apoio da Universidade, principalmente no campo tecnológico. Este órgão articula diversos grupos que desenvolvem extensão universitária no campo tecnológico desde 1994.
Desde a constituição de 1988, a extensão universitária virou parte do tripé acadêmico por lei: a universidade tem como objetivo desenvolver ensino, pesquisa e extensão. O ensino é conhecido por todos através dos cursos de graduação e pós-graduação. A pesquisa é a forma da universidade construir conhecimento novo e se materializa principalmente a partir das publicações em revistas e jornais acadêmicos. A extensão, como proposta por Paulo Freire, seria uma via de mão dupla: por um lado, seria uma forma da universidade devolver à sociedade parte desse conhecimento gerado; por outro, seria uma forma de construir conhecimento útil a partir das problemáticas de sua população( e não fechada em laboratórios, com discussão apenas entre acadêmicos e a partir de problemas pautados principalmente pelos EUA e Europa através de suas revistas“ internacionais”).
No caso da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro( CDDHC / Alerj), o NIDES foi chamado para pensar propostas que ajudassem a comissão a ampliar seus trabalhos e acompanhar as demandas de forma mais ativa. Pela grande demanda que recebem de denúncias, e por ter uma equipe bastante reduzida, muitas vezes a comissão só conseguia acom-
* Pesquisador extensionista do Núcleo de Solidariedade Técnica( SOLTEC / NIDES / UFRJ) e Professor Colaborador do Departamento de Engenharia Eletrônica( DEL / POLI / UFRJ).