Relatório anual da Comissão de Direitos Humanos da Alerj - 2014 | Page 97

Estamos em 2014, a menos de dois anos dos Jogos Olímpicos. Ao que tudo indica, a população novamente, assim como os atletas brasileiros que competirão, não poderá desfrutar da infraestrutura que será construída para as Olimpíadas. Ao mesmo tempo, os projetos sociais do próprio governo baseados no Complexo estão comprometidos, já que as vilas olímpicas da cidade não comportam às inúmeras demandas socioeducativas, sobretudo em razão da sua gestão. Além disso, não podemos deixar de mencionar a gestão da CBDA (Confederação Brasileira de Desportes Aquáticos). Em 2013, Coaracy Nunes foi reeleito para seu 7º mandato, o que significa mais de 25 anos no poder. Não é por acaso que há uma grande dificuldade de diálogo e de proposição de uma política pública de fato voltada aos esportes aquáticos, não apenas como competição, mas como instrumentos socioeducativo para crianças, jovens, adultos e idosos. Tendo em vista esse quadro, recentemente encaminhamos um ofício à Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro (SUDERJ) solicitando informações sobre o projeto Esporte RJ no Julio Delamare, assim como do escopo e cronograma do projeto de reforma do parque aquático. A resposta sobre a primeira questão foi de desresponsabilização quanto ao projeto, afirmando que a SUDERJ apenas gerencia o complexo e seus equipamentos. No entanto, se visitarmos a página eletrônica da autarquia, sobre suas atribuições está descrito: 1. Disponível em: http:// www.suderj.rj.gov.br/ atribuicoes.asp 96 A Suderj, dirigida por um presidente, tem por finalidade incrementar os desportos no Estado visando ao aperfeiçoamento físico e mental do homem, pela prática livre dos exercícios e através de competições; desen- volver o desporto amador, prioritariamente as modalidades desportivas olímpicas e estender a camadas cada vez mais amplas o benefício da prática dos desportos, objetivando, desta forma, a seleção e o aprimoramento dos atletas1. Ou seja, a SUDERJ deveria se responsabilizar diretamente pelo êxito do projeto Esporte RJ uma vez que a mesma deveria dar condições para que se efetivasse o projeto, mesmo que a SUDERJ se limitasse às condições materiais. Sobre o projeto que incidirá sobre o parque, a resposta da superintendência refere-se a um termo aditivo ao contrato de parceria público-privada entre o Estado do Rio de Janeiro e a concessionária (Complexo Maracanã Entretenimento S.A) com relação à efetivação das obras previstas para os Jogos Olímpicos. Segundo o ofício, essas obras são indispensáveis para a realização das competições de Polo Aquático a fim de adaptar o parque às exigências do COI (Comitê Olímpico Internacional). Além disso, ao contrário do que é informado por moradores das redondezas, é afirmado que as piscinas não estão esvaziadas, apenas estão sendo tomadas as medidas necessárias para a sua manutenção. A ausência de diálogo efetivo e de informações aos atletas amadores e profissionais que usufruíam o complexo deixa claro que as prioridades são as realizações de obras a qualquer custo, em detrimento dos interesses legítimos de nossos atletas e dos usuários do Maracanã. Por isso, a CDDHC continua atenta aos compromissos firmados com os grupos mobilizados que desejam o Célio de Barros e o Julio Delamare em pleno funcionamento, de forma democrática, e aberta à população carioca.