Relatório anual da Comissão de Direitos Humanos da Alerj - 2014 | Page 94

Leon Diniz Lilian Silveira fala sobre as dificuldades de morar em um local que foi valorizado por conta da presença da UPP Morro do Borel ainda enfrenta a falta de água, de Segurança e de Saúde Durante muito tempo, os órgãos públicos justificavam que a falta de atendimento aos serviços essenciais nas favelas era resultado da dificuldade de atuação diante do domínio dos traficantes do varejo de drogas. No entanto, mesmo com a ocupação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no morro do Borel, em 2010, os problemas da comunidade continuam os mesmos e outros foram acirrados. As principais queixas e reivindicações dos moradores estão relacionadas à falta de retorno do Estado com relação ao programa Minha Casa, Minha Vida, à coleta de lixo, ao desabastecimento de água, ao aumento das tarifas de energia elétrica e à abordagem policial realizada pela UPP. A desempregada Lilian Silveira Campos, 38 anos, nascida e criada no Morro do Borel, recebe o aluguel social porque sua casa foi condenada pela Defesa Civil após o deslizamento de terra ocorrido em 2010 no morro. Lilian fala sobre as dificuldades diárias de um local que foi valorizado por conta da presença da UPP, mas que pouco evoluiu em termos de Saúde e Segurança para a população. CDDHC: O que você notou com a chegada da UPP? Lilian: Isso aqui está parecendo a Vieira Souto, não parece mais comunidade. As contas de luz estão vindo altas demais. No começo, a conta estava acessível, mas agora a tarifa está muito cara. A gente tem economizado energia elétrica, mas mesmo assim estou com duas contas atrasadas, porque pago aluguel e meu marido está desempregado. Daqui a pouco vão cortar a luz novamente. Antiga mente, eles não cortavam, mas agora não querem saber se estou desempregada ou se tenho criança pequena. CDDHC: Como está o abastecimento de água? Lilian: Sempre falta água. Eu ponho galão de água debaixo da pia, já ficamos mais de uma semana sem água. A gente conta com a ajuda de vizinhos que têm um pouco mais de água para fazer comida. E lavar roupa é quase impossível. Quando falta água, as aulas na creche são suspensas, porque não tem como 200 crianças ficarem o dia inteiro sem água para beber. Todas as escolas da comunidade ficam sem aula. Eu estou em casa, desempregada, e fico com a minha filha. Mas têm muitas mães que dependem da creche para poder trabalhar, porque não têm com quem deixar seus filhos. CDDHC: Como é a abordagem dos policiais da UPP? Lilian: Sinceramente, eu não gosto da maneira com que eles abordam os moradores. 93