Relatório anual da Comissão de Direitos Humanos da Alerj - 2014 | Page 80
Violações em
reintegração de posse
na Favela da Telerj
Leon Diniz
Esquecidos pelo poder público e sem direito à moradia digna, cinco mil famílias ocuparam,
no dia 4 de abril de 2014, o antigo prédio da Telerj, no Engenho Novo, abandonado há 10
anos. Os ocupantes, trabalhadores com familiares e sonhos, reivindicavam seu direito de
ter um lar, como previsto pela Constituição Brasileira. No entanto, no dia 11 de abril, uma
operação de reintegração de posse, efetivada por cerca 1.500 policiais, levou terror e pânico
aos recém-moradores, que não puderam retirar seus bens materiais. Há relatos de extrema
violência e truculência praticadas pelos agentes do Estado. A equipe da Comissão de Defesa
dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj acompanhou a situação e registrou denúncias de
violações e arbitrariedades. Com a palavra, os trabalhadores sem teto:
Daniele Rodrigues, 27, ex-moradora do Engenho de Dentro.
“Eles querem o quê? Que eu vá para debaixo da ponte com meus filhos? Não tem
como, por isso que eu fui para a Telerj. É
vergonhoso? É. Assim como é vergonhoso
eu estar aqui agora, colocando minha cara
para o povo ver. Mas essa é a única esperança que eu tenho: me humilhar. Estou
desesp erada, por isso que a gente foi para
o prédio da Telerj. Ninguém queria invadir
nada de ninguém, a gente só quer o direito de moradia. Perdi tudo, e a única que
restou foi um fogão velho. Não tem mais
geladeira, gás, não tenho mais nada. Nem
minha dignidade tenho mais.”
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