Relatório anual da Comissão de Direitos Humanos da Alerj - 2014 | Page 40

livre sobre segurança pública e o projeto "Maré que queremos em funcionamento na Maré" reuniu uma rede de instituições com participação ativa das 16 associações de moradores da localidade. A partir do acúmulo desses encontros, as organizações Redes de Desenvolvimento da Maré, Observatório de Favelas e Anistia Internacional lançaram a campanha “Somos Maré e temos Direitos”: Material Informativo da campanha "Somos da Maré e Temos Direitos" Fonte: Anistia Internacional, Observatório de Favelas e REDES da Maré A campanha caiu nas mãos dos moradores e adentrou becos, ruas e vielas da Maré, em 2013, com orientações sobre como agir em caso de abordagem policial. O objetivo era garantir os direitos dos moradores à segurança, prevenir contra abusos e ações desrespeitosas por parte das forças policiais, uma vez que estes são funcionários públicos e devem estar a serviço da população. Por fim, também orientava os moradores, nos casos de violações, a acionarem a Corregedoria da Polícia Militar e a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Tudo foi feito com a participação dos moradores e das Associações, que inclusive se reuniram com o Conselho de Segurança, Comando Operações Especiais (COE) e em audiências com a Secretaria Estadual de Segurança, para reivindicar uma atuação diferenciada das forças de segurança na Maré. No entanto, essa iniciativa não previa a ocupação das forças militares de pacificação. No ano de “descomemoração” dos 50 anos do Golpe Militar, soldados e tanques se apropriaram da Maré em um espetáculo midiático digno de um desfile militar de 7 de setembro. Para dar segurança aos jogos da Copa do Mundo, mais de 130 mil habitantes foram colocados sob reg ime de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). O inimigo do Estado de ontem era o subversivo comunista, hoje são os favelados. Isso é sinal da perpetuação da criminalização da pobreza e da supressão do direito de ter direito. Domesticação comunitária “Soldado da Força de Pacificação da Maré afirma a jornal sueco que proibição de bailes funk é ‘castigo’”, anuncia a manchete do jornal Extra no dia 19 de junho de 2014. Ao cercear uma das principais expressões 39