Relatório anual da Comissão de Direitos Humanos da Alerj - 2014 | Page 34

te, há um ponto de vendas na localidade de Pinheiros. Em Campinho e Itanhangá, na mesma região, os grupos arrendaram favelas para traficantes, segundo investigações da Draco.   As prisões são importantes devido ao perigo que os criminosos representam. O assassinato de cinco das seis testemunhas das investigações contra a milícia conhecida como Família É Nóis, de Duque de Caxias, é um exemplo disso e da fragilidade dos programas de proteção a testemunhas do Estado. Parte do grupo foi preso em 2010 e, após receber o direito de responder em liberdade, cometeu os homicídios. A única testemunha viva é o delegado Alexandre Capote, titular da Draco, responsável pelas in vestigações. A Família É Nóis foi descoberta e denunciada pela primeira vez pela CPI. Mas é preciso ir além das detenções e adotar iniciativas que envolvam os governos municipal, estadual e federal. Por exemplo, o controle territorial é fundamental para o funcionamento dos negócios das quadrilhas. Neste sentido, é revelador que apenas uma favela comandada por milicianos tenha recebido UPP: o Batan, na Zona Oeste. Da mesma forma, é urgente regulamentar a revenda de gás e ampliar a fiscalização através de convênio com a Agência Nacional de Petróleo; aplicar uma nova política de controle e incentivo fiscal ao transporte alternativo, com permissões de caráter exclusivamente individual, já que muitas cooperativas são controladas por milícias; criar uma comissão, integrada pela Secretaria de Segurança Pública e pela Polícia Federal, para fiscalizar as empresas que prestam serviços de segurança; e viabilizar através de incentivos a venda de pacotes populares de TV a cabo nas favelas. Hoje, a Draco, principal responsável por enfrentar o crime organizado, tem uma estrutura reduzida e atua de forma heroica. A articulação entre as policiais Civil, Militar e Federal, o Ministério Público e o Poder Judiciário é urgente.   As milícias surgiram no governo Rosinha Garotinho (2003-2006), na Zona Oeste, e cresceram de forma assustadora na gestão de Sérgio Cabral. Elas extrapolaram a região e já atuam na Zona Norte, Baixada Fluminense e em municípios do interior. Cerca de 620 mil moradores de 370 comunidades são subjugados pela máfia. Em 2014 a CDDHC recebeu 28 denúncias que envolvem a atuação de diversos grupos milicianos em diferentes partes do Estado; Recreio dos Bandeirantes, Piedade, Bairro Jardim Maravilha em Guaratiba, Nova Sepetiba, Paciência, Complexo do Alemão, Rio das Pedras, Praça Seca, Campo Grande, Itaguaí, Camorim/Jacarepaguá, Ilha do Governador, Parque Capivari em Duque de Caxias, São João de Meriti, Angra dos Reis e Itaguaí. As denúncias envolviam casos de assassinatos, expulsão de imóveis, ameaças e ocupação de terrenos. 33