Relatório anual da Comissão de Direitos Humanos da Alerj - 2014 | Page 28

2.2. Entre a Baixada e o Sumaré: banalização da morte da juventude negra Sete jovens foram baleados em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, na noite do dia 13 de outubro de 2014, no Rio de Janeiro. A chacina deixou cinco mortos: três morreram no local enquanto outros dois morreram durante atendimento médico, dos dois sobreviventes, um adolescente de 12 anos foi internado e outro de 14 anos conseguiu fugir do local do crime. O jovem socorrido foi encaminhado para o Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Saracuruna. Segundo a unidade, ele foi submetido imediatamente a uma cirurgia e foi internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ainda segundo o hospital, a vítima apresentava estado de saúde estável, estando lúcido e orientado. A chacina ocorreu no Bairro Parque Paulista, por volta de 21h. O caso está sendo investigado pela Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense. A Polícia Civil não tem informações sobre o caso. Mas relatos nas redes sociais dizem que os jovens foram atacados por homens encapuzados e fuzilados em um muro. Outro episódio que marcou junho de 2014: a perseguição a dois adolescentes teve início por volta de 9h30 do dia 11 do mesmo mês, na esquina da Avenida Marechal Floriano. Os cabos Vinícius Lima Vieira e Fábio Magalhães Ferreira, do 5º BPM (Praça da Harmonia), teriam visto um dos rapazes passando correndo atrás de um ônibus. Um dos PMs desceu do carro e, cinco minutos depois, um dos jovens foi capturado, a 50 metros da DPCA. Após alguns minutos, o segundo adolescente também foi detido. Depois de colocar dois adolescentes que supostamente tinham praticado um roubo dentro da viatura 52-1651, as imagens do veículo mostram um dos cabos da Polícia Militar rindo e gesticulando em direção à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), no Centro, para onde os menores deveriam ter sido levados. As imagens das câmeras e do GPS instalados na viatura mostram ainda que o motorista e outro PM, no entanto, levaram os garotos para o Morro do Sumaré. Já no Sumaré, os menores foram colocados deitados no chão e, segundo o depoimento do sobrevivente na Delegacia de Homicídios, um dos cabos disse: “Você não vai mais andar” e disparou contra seu joelho. O adolescente foi ainda baleado nas costas e, fingindo-se de morto, conseguiu escapar. Já Mateus Alves dos Santos, de 14 anos, levou tiros na cabeça, peito e perna e morreu1. Os episódios ocorridos confirmam que a cada nova divulgação dos dados sobre homicídios no Brasil a mesma informação é dada: morrem por homicídio, proporcionalmente, mais jovens entre 15 e 29, negros e pardos no país. Além disso, vem se confirmando que a tendência é um crescimento desta desigualdade nas mortes por homicídios. Segundo dados expostos pelo 8º edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 84% das mortes por agressão em 2013 estão concentrada na faixa etária entre 15 a 29 anos no Estado do Rio de Janeiro. 1. Ver em 27