Relatório anual da Comissão de Direitos Humanos da Alerj - 2014 | Page 104

Novas Alternativas da Prefeitura do Rio. Nada mais além disso. No final do ano de 2013 a prefeitura do Rio anunciou a produção de 2.200 unidades habitacionais na Região Portuária, pelo Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), a partir da desapropriação “de imóveis em situação fundiária irregular, degradados ou abandonados ou, ainda, imóveis públicos da União, do Estado ou do Município” (disponível em: http://g1.globo.com/rio-dejaneiro/noticia/2013/09/prefeitura-do-rio -anuncia-incentivos-para-habitacao-na-zona-portuaria.html) Mais recentemente, foram aprovadas pela Câmara de Vereadores a Lei Complementar nº 5.780 de julho de 2014, que incentiva a produção habitacional no Porto Maravilha, através, de diferentes modalidades de renúncia fiscal do Município3, e a Lei complementar nº143 de agosto de 2014, que flexibiliza os padrões construtivos para incentivo da produção habitacional nas áreas de consumo de CEPAC e na Área de Preservação do Ambiente Cultural (Apac) SAGAS. Se, por um lado, o número previsto de unidades habitacionais parece impressionar, é necessário cotejá-lo com os dados oficiais do licenciamento da produção habitacional do PMCMV, no Município do Rio, no período de 2009-2013 (disponível em http:// www.rio.rj.gov.br/web/smu/exibeconteudo?id=4257827) . Quando se analisam os dados produzidos pela Secretaria Municipal de Urbanismo sobre as unidades habitacionais do MCMV licenciadas na cidade, até o ano de 2013, verifica-se o total de 73.321 u/h. Ao se desagregar a produção imobiliária do PMCMV na Região Administrativa da Zona Portuária, constata-se o licenciamento de apenas 600u/h que representa menos de 1% da produção total do MCMV na cidade. Tal valor torna-se ainda mais insignificante quando se verifica que desse universo, apenas 182u/h, ou seja, menos de 0.3% do total das u/h do PMCMV licenciadas na cidade foi licenciada para a faixa de rendimento de 0 a 3 salários. Os dados expostos devem ser ainda considerados a partir dos custos do financiamento e da manutenção da moradia nos casarios da área do SAGAS, reformados e transformados em empreendimentos do antigo programa municipal “Novas Alternativas” ou do PMCMV, que afastam os segmentos de mais baixa renda desse perfil de habitação. Outro elemento que também deve ser destacado é o fato do referido licenciamento na Zona Portuária ser extremamente fragmentado em diversos endereços com reduzido nº de unidades habitacionais por empre­ndimento licenciado. Tal perfil está e diretamente associado às características dos imóveis antigos existentes nos bairros da APAC-SAGAS e a limitada capacidade de produção habitacional dos mesmos em termos de área edificável. Tal fato, mesmo considerando-se a nova legislação municipal do ano de 2014, continuará a oferecer limites à produção de moradia popular para os segmentos sociais de mais baixa renda, onde se concentra a faixa mais significativa do déficit habitacional. Por isso, é fundamental enfatizar que a produção significativa de h