Relatório anual da Comissão de Direitos Humanos da Alerj - 2014 | Page 62
de Janeiro inteiro. Me intitularam ladrão de
carros de alta periculosidade. Sempre mantive minha vida, desde os 15 anos, quando comecei a trabalhar. Trabalho e estudo.
Fui criado como pobre, mas tive tudo que
a minha mãe, a minha avó e meus familiares puderam ter. Passei por coisas que só
pessoas como eu e o Vinícius Romão sabem
o que é passar. O que é você ser transferido, o que é você apanhar, ser agredido
com palavras. Não tratam as pessoas como
deveriam. Tratam como animal. Não é só
o preso que sofre a humilhação. Todos os
familiares sofrem. Toda ironia, todo o deboche. Ao ponto de eles falarem para minha
mãe que mãe é que nem corno, é o último
a saber. Se não fossem as provas (o ponto
biométrico do hospital e o registro do Bilhete Único), poderia ter passado 10 ou 12
anos preso, como muitas pessoas passam.
Entrei com a certeza de que era inocente,
mas não sabia quando nem como ia sair.
Minha opinião não valia de nada. O Hér-
cules Menezes (condenado no mesmo inquérito e também reconhecido através de
uma foto no Facebook) ainda está lá preso.
Quantos outros estão na mesma situação?
Eu conheci muitas pessoas que estão nessa
mesma condição.
CDDHC: Qual foi a importância da
Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania no caso?
Douglas: Se não fosse a comissão eu estaria
preso até hoje. A juíza mandou um ofício
para conseguir o registro do meu Bilhete
Único no ônibus que peguei na Tijuca, mas
até hoje ele não foi respondido. Se a comissão não tivesse mandado o ofício e pressionado, até hoje estaria preso. Além disso,
minha família recebeu todo apoio.
>> https://www.youtube.com/watch?v=LCwmSojn7yI&index=3&list=PLib4jcpFaJi4aCDgvnPcxnPGW3NabLEgo
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