RELATÓRIO FINAL DA SUBCOMISSÃO DA VERDADE NA DEMOCRACIA Relatório Final Desaparecimento Forçado na Democ | Page 48

o Estado levou ele pra Minas”. Aí ficou aquela coisa, né. Ia no batalhão e era a mesma coisa... 103 Só após procurar os jornais e conseguir o apoio técnico de um advogado da organização não governamental Tortura Nunca Mais, Ilzidete conseguiu registrar o caso. 104 Ela também havia ouvido dizer que um preso detido na Delegacia tinha noticias do filho dela e conseguiu nessa ocasião ouvi- lo: “olha, dona Dete, eu vi, quando eu perguntei ao Thiago onde tava o Rodrigue, o Thiago falou que o Rodrigue tava indo por aquela rua”. Aí ele disse que pegou a bicicleta e saiu atrás, quando ele viu o carro da polícia parado com eles dois, ele ficou parado da esquina olhando e aí ele disse: “eu vi quando eles colocaram eles dois dentro da blazer atrás da caçamba”. 105 Tal testemunha citou novamente o nome do policial que já havia sido indicado por Ana Carla. Ilzidete, então, registrou queixa contra ele no 24 Batalhão onde ele era lotado. Em 2006, a Organização de Direitos Humanos Projeto Legal, denunciou os desaparecimentos de Fábio e Rodrigo perante a Comissão Interamericana de Direito Humanos – Petição145/06. Nos seus argumentos descreve que Ilzidete: Em 28 de agosto de 2003, a Sra. Silva denunciou os desaparecimentos e a possível participação de um policial militar perante a Corregedoria Geral Unificada das Polícias Civil, Militar e Corpo de Bombeiros. Em 27 de abril de 2004, a Sra. Silva denunciou os desaparecimentos perante os membros do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana. Em 12 de abril de 2005, a Sra. Silva denunciou os desaparecimentos perante o Ministério Público. Em 21 de abril de 2005, a Sra. Silva denunciou os desaparecimentos e a possível participação de um membro da Polícia Militar perante a Secretaria de Segurança Pública. Em 15 de Julho de 2005, a Sra. Silva reiterou sua reclamação perante o 24° Batalhão da Polícia Militar. Em 14 de setembro de 2005, a Sra. Silva denunciou os desaparecimentos e a possível participação de um membro da Polícia Militar perante a Corregedoria Interna da Polícia Civil. Em 30 de setembro de 2005, a Sra. Silva reiterou sua reclamação perante a 55ª Delegacia de Polícia de Queimados. Simultaneamente, o peticionário argumenta que a Sra. Silva repetidamente escreveu para a Governadora do Rio de Janeiro, Sra. Rosinha Garotinho, assim como para outras autoridades do Poder Executivo, solicitando ajuda na localização dos jovens desaparecidos e requerendo informações acerca das investigações. O peticionário alega que todas essas tentativas foram infrutíferas. 106 A CIDH decidiu juntar ao caso mais três denúncias de execução de adolescentes e jovens pelo estado do Rio de Janeiro, passando todas as tramitarem sob o número 12.778. Um dos motivos da junção 103 Depoimento de Ilzidete Santos da Silva em 09 de outubro de 2018 no Laboratório de Estudos do Tempo Presente – IFCS/UFRJ, coordenado pela Profa. Maria Paula Aráujo, tendo como entrevistadoras Maria Paula, Ivanilda Figueiredo, Simone Pinto, Barbara Fuentes, Thalita Maciel e com transcrição realizada por Simone Pinto 104 A Polícia Civil na 55ª Delegacia de Polícia de Queimados (sob o Boletim de Ocorrência B.O. Nº 001539/0055/03). 105 Depoimento de Ilzidete Santos da Silva em 09 de outubro de 2018 no Laboratório de Estudos do Tempo Presente – IFCS/UFRJ, coordenado pela Profa. Maria Paula Aráujo, tendo como entrevistadoras Maria Paula, Ivanilda Figueiredo, Simone Pinto, Barbara Fuentes, Thalita Maciel e com transcrição realizada por Simone Pinto 106 ANEXO XII – Relatório de Admissibilidade na CIDH. 48