RELATÓRIO FINAL DA SUBCOMISSÃO DA VERDADE NA DEMOCRACIA Relatório Final Desaparecimento Forçado na Democ | Página 31

Procurando ainda traçar um perfil das pessoas desaparecidas foi solicitado ao Instituto Félix Pacheco (IFP/RJ) os micro dados dos desaparecidos para os quais é solicitada a identificação papiloscópica. O IFP, órgão subordinado a policia civil, especializado em identificação a partir de impressões digitais, responsabiliza-se, no estado do Rio de Janeiro, por elaborar “folhas de antecedentes criminais”, “atestado de antecedentes” e “laudos de perícia papiloscópica”. Por meio, desses últimos é possível verificar se a digital do desaparecido corresponde a uma das 15 milhões de "Individuais Datiloscópicas" em poder do instituto e se ele foi reportado morto. Os dados do IFP/RJ fornecem um perfil básico dos desaparecidos, indicando gênero e idade. Não há registro de cor/raça por isso não interessar a perícia papiloscópica, porém tal ausência dificulta a caracterização do perfil para estudos, especialmente quando consideramos que o racismo estrutural e institucional são elementos relevantes para as situações de desaparecimento forçado. Nos registros do IFP/RJ, verificamos o registro de quem buscou a identificação – se foi órgão policial ou familiar na portaria com o intuito de verificar se há diferença no perfil dos procurados pela família nas delegacias e os diretamente buscados na portaria. Entre 2009 e 2017, o IFP identificou 1.293 desaparecidos. Destes, 69% (888) foram registros feitos quando a família se dirigiu diretamente ao IFP em busca de seu parente, indicando que o fardo de procurar o desaparecido ainda recai, em grande parte, sobre as próprias famílias. Não há como identificar se esses casos também foram registrados nas delegacias, se família procurou outros órgão públicos ou o que motivou a família a ir no IFP e não na delegacia. Porém, há que destacar que as Delegacias são territorialmente mais acessíveis, pois cada circunscrição possui ao menos uma delegacia, já o IFP tem sede única para a qual quase 70% dos familiares se dirigiu em busca de seus parentes. 85% dos procurados são homens. Desaparecidos procurados pelos familiares na portaria Gênero/Ano 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 Homem 50 94 63 85 130 133 69 89 48 Mulher 9 6 7 25 22 26 16 24 12 31