RELATÓRIO FINAL DA SUBCOMISSÃO DA VERDADE NA DEMOCRACIA Relatório Final Desaparecimento Forçado na Democ | Page 248

de Queimados, localizado na região conhecida como Baixada Fluminense, na zona metropolitana da cidade do Rio de Janeiro. Aproximadamente a 1:30 da manhã, de acordo com o peticionário, os dois jovens acompanhavam uma amiga chamada Ana Carla até sua casa, quando um veículo Chevrolet Blazer da Polícia Militar aproximou-se deles na esquina da casa de Ana Carla. O peticionário alega que Ana Carla correu para sua casa e deixou Fábio e Rodrigo com os policiais. Desde esse dia, Fábio e Rodrigo estão desaparecidos. 21. O peticionário alega que, dado o desaparecimento de seu filho e após ouvir de Ana Carla o que havia acontecido, Izildete Santos da Silva, mãe de Fábio, imediatamente foi à polícia para denunciar o desaparecimento de seu filho, em 10 de junho de 2003. Consequentemente, o peticionário afirma que a Sra. Silva registrou o desaparecimento dos dois jovens perante a Polícia Civil na 55ª Delegacia de Polícia de Queimados (sob o Boletim de Ocorrência B.O. Nº 001539/0055/03). O peticionário assevera que após tomar conhecimento de maiores detalhes sobre o episódio, inclusive a possível participação da Polícia Militar, as mães de ambos os jovens, Izildete Santos da Silva e Natalina Francisca Abilio 194 , apresentaram uma queixa perante o 24° Batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro, em 15 de julho de 2003, identificando um policial militar, que pertencia ao 24° Batalhão, como um dos policiais que abordaram os dois jovens no momento de seu desaparecimento. 22. O peticionário descreve várias outras tentativas realizadas pelas duas mães para localizar seus filhos, buscar informações sobre eventuais investigações e requerer ações por parte das autoridades estatais. Em 28 de agosto de 2003, a Sra. Silva denunciou os desaparecimentos e a possível participação de um policial militar perante a Corregedoria Geral Unificada das Polícias Civil, Militar e Corpo de Bombeiros. Em 27 de abril de 2004, a Sra. Silva denunciou os desaparecimentos perante os membros do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana. Em 12 de abril de 2005, a Sra. Silva denunciou os desaparecimentos perante o Ministério Público. Em 21 de abril de 2005, a Sra. Silva denunciou os desaparecimentos e a possível participação de um membro da Polícia Militar perante a Secretaria de Segurança Pública. Em 15 de Julho de 2005, a Sra. Silva reiterou sua reclamação perante o 24° Batalhão da Polícia Militar. Em 14 de setembro de 2005, a Sra. Silva denunciou os desaparecimentos e a possível participação de um membro da Polícia Militar perante a Corregedoria Interna da Polícia Civil. Em 30 de setembro de 2005, a Sra. Silva reiterou sua reclamação perante a 55ª Delegacia de Polícia de Queimados. Simultaneamente, o peticionário argumenta que a Sra. Silva repetidamente escreveu para a Governadora do Rio de Janeiro, Sra. Rosinha Garotinho, assim como para outras autoridades do Poder Executivo, solicitando ajuda na localização dos jovens desaparecidos e requerendo informações acerca das investigações. O peticionário alega que todas essas tentativas foram infrutíferas. 23. Ademais, o peticionário alega que devido a sua busca por justiça e informações, a Sra. Silva começou a receber ameaças. De acordo com o peticionário, a Sra. Silva recebeu ameaças de morte através de cartas, ligações telefônicas e até mesmo pessoalmente. Com efeito, o peticionário alega que oficiais de polícia visitaram a casa da Sra. Silva e disseram a ela: “Se você continuar denunciando os desaparecimentos e continuar com sua busca, toda a família irá morrer.” O peticionário indica que os outros filhos da Sra. Silva também começaram a ser perseguidos e ameaçados pela polícia, inclusive seu filho Flávio, que é deficiente mental. Em vista do anterior, o peticionário observa que, em 12 de abril de 2004, a Sra. Silva solicitou sua inclusão no PROVITA – Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas, através de uma carta enviada ao Secretário de Direitos Humanos do Rio de Janeiro. 24. De acordo com o peticionário, a notitia criminis apresentada pela Sra. Silva perante a 55ª Delegacia de Polícia Civil resultou no Inquérito Policial Nº 95/04. Contudo, de acordo com a petição inicial, três anos e 6 meses após os desaparecimentos das supostas vítimas, esta investigação policial ainda não havia sido concluída. Ademais, de acordo com a comunicação do peticionário de 27 de agosto de 2007, o mencionado inquérito policial foi arquivado sob o Processo n° 2007.001.029.451-2, em 15 de março de 2007. 194 Mãe de Rodrigo Abilio. 248