RELATÓRIO FINAL DA SUBCOMISSÃO DA VERDADE NA DEMOCRACIA AS EXECUÇÕES SUMÁRIAS NO RJ | Page 99

Turano, o presidente da Associação de Moradores comenta a ação da PM após acabar com um baile na comunidade porque já passava das 22h: Desde a implantação da UPP, em setembro do ano passado, a população está vivendo oprimida. O lazer não está liberado. Se a comunidade está pacificada, porque o baile não pode ocorrer? [O Globo, 16/08/11] Apenas seis meses depois da chegada da UPP à Mangueira, em uma noite de domingo, na área de lazer da comunidade, um inspetor escolar foi baleado por um policial – que não teve o nome divulgado – e sua esposa ferida por golpes de cassetete. Segundo testemunhas relataram ao jornal O Globo: O casal estava no pagode, que tradicionalmente acontece aos domingos, em frente à quadra da Mangueira. Por volta das 23 horas, uma pessoa reclamou que um policial da UPP estava apontando uma arma com mira laser na direção de seu rosto, dando início aos desentendimentos. Ainda, segundo os parentes das vítimas, a denunciante comunicou o fato ao serviço 190, o que teria irritado o policial [O Globo, 20/12/11]. Seis meses antes, quando a Mangueira estava prestes a receber a UPP, policiais da unidade no Pavão-Pavãozinho executaram com um tiro pelas costas o morador André Ferreira. Os policiais registraram o caso como auto de resistência, alegando que a vítima era traficante e se envolveram em um confronto. O laudo de exame cadavérico de André, porém, atestou que ele recebeu os tiros pelas costas, atestando a execução [O Globo, 18/06/11]. As favelas não se encontravam sob um modelo de policiamento comunitário, não existia padronização nas ações e em cada UPP os moradores se viam ao sabor do arbítrio policial. Passado o primeiro momento de alívio pela libertação das comunidades do jugo dos criminosos, a sensação que se seguia era a de troca de um poder armado por outro. Planos em execução Na madrugada de doze de junho de 2011, a juíza da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, Patrícia Lourival Acioli, foi executada com vinte e um tiros, quase todos no rosto e no tórax, na porta da sua residência, no bairro de Piratininga, em Niterói. A emboscada contou com a participação de quatro homens em duas motocicletas, além de dois carros, que seguiram a juíza por quarenta minutos até o momento da execução. Os projéteis recolhidos eram de calibre 40, de uso exclusivo das polícias Civil e Militar, e calibre 45, de uso exclusivo das Forças Armadas. Patrícia Acioli exercia seu ofício de