RELATÓRIO FINAL DA SUBCOMISSÃO DA VERDADE NA DEMOCRACIA AS EXECUÇÕES SUMÁRIAS NO RJ | Page 96

policiais civis, 103 da Polícia Federal, 24 da Polícia Rodoviária Federal e 150 fuzileiros navais. Para marcar a retomada, agentes usaram sinalizadores com fumaça azul. Para entrar nas favelas de São Carlos, Querosene, Coroa, Fallet, Fogueteiro, Prazeres e Escondidinho, a Secretaria de Segurança Pública contou, assim como havia acontecido na ocupação do Complexo do Alemão, com o apoio de blindados do Grupamento de Fuzileiros Navais. O Secretário de Segurança Pública considerou a ocupação um sucesso [O Globo, 07/02/11]. Duas semanas após a ocupação do complexo, um grampo da Polícia Federal revelou que, depois da operação, foi acordado entre os traficantes e um policial civil o transporte das armas da quadrilha, escondidas em um paiol, para o morro da Rocinha. Segundo as informações da PF: O telefonema foi interceptado por agentes federais que trabalhavam na Operação Guilhotina e também por policiais da Delegacia de Repressão a Entorpecentes [DRE], da PF. Numa ponta da linha estava o traficante Anderson Rosa Mendonça, o Coelho, chefe do tráfico no São Carlos e sócio de Nem. Com o anúncio do governo estadual de que o complexo no Estácio seria ocupado, Coelho fugiu para a Rocinha, supostamente sob a escolta de policiais da banda podre. Mas chegou à favela de São Conrado sem suas armas, escondidas num paiol: 15 fuzis, uma quantidade não descoberta de pistolas e munição. Segundo agentes, o policial civil (que já estaria identificado) usou um carro da polícia descaracterizado para o transporte e, apesar do cerco da PF, conseguiu seu objetivo: entregou as armas na Rocinha. – Já cheguei – disse o policial a Coelho [O Globo, 20/02/11]. Ainda que enfrentando problemas, e na raiz desses problemas, como veremos adiante, residissem as questões que diferenciam as UPPs de um projeto de polícia comunitária, o fato era que a violência letal havia diminuído de forma drástica na realidade carioca. Em junho de 2011, uma pesquisa revelou que 72% dos moradores do Rio de Janeiro se encontravam otimistas em relação ao problema da violência no estado [O Globo, 30/06/11]. As UPPs também contaram com convênios e apoios da iniciativa privada, como os da FIRJAN, do Fundo Elas, e da EBX, que possibilitaram a construção de alguns aparelhos públicos nessas áreas. Mas sua integração à cidade parecia uma ambição distante. E nesse contexto, também lhes faltava um projeto de polícia comunitária capaz de reestabelecer a emancipação dos moradores. As UPPs seguiam sendo apenas uma ocupação militar. Seus problemas começam aí. UPP e ocupação territorial