RELATÓRIO FINAL DA SUBCOMISSÃO DA VERDADE NA DEMOCRACIA AS EXECUÇÕES SUMÁRIAS NO RJ | Page 88

Denúncia. Tanto o soldado quanto o sargento já tinham respondido a um Inquérito Policial Militar por participação na máfia das vans. A relação apontada entre territórios dominados por milícias e as eleições de 2006 se tornaram mais claras com as investigações que culminaram na prisão de Álvaro Lins. Uma escuta telefônica da Polícia Federal captou uma conversa entre o policial civil Fabio Menezes e o delegado Marcos Cipriano, sobre atividades de campanha de Álvaro: Fabinho: doutor, olha só, o Dr. Álvaro não vai chegar lá duas horas não, sabe por que, nós estamos na Av. Brasil ainda, vamos ter que ir a Belford Roxo e ir a dois eventos em Jacarepaguá, na Taquara, de dois delegados. Marcos: Tá, tá, então fala com ele, Fabinho, o seguinte: pra não deixar para muito tarde, pra gente não deixar de aproveitar lá, um complexo de seis favelinhas, são vinte mil votos, entendeu? A gente tenta aproveitar tudo lá. Fabinho: show de bola. Outra coisa, doutor. Foi feito contato com a mineira lá, feito contato com a rapaziada lá? Marcos: Teve, teve. Está todo mundo avisado lá. [O Globo, 06/04/08] Escutas telefônicas demonstraram que Lins, junto com a deputada federal Marina Magessi, tramavam a morte de um delegado da DAS. As mesmas escutas também revelaram que a desembargadora Monica Di Piero era o braço direito de Lins no Ministério Público, e repassava ao ex-chefe de Polícia Civil informações privilegiadas sobre os inquéritos envolvendo seu grupo. Em uma das gravações, Monica Di Piero, à época promotora, negocia com Álvaro Lins sua indicação para o Tribunal de Justiça. Ela foi nomeada por Rosinha Matheus em 2006, quando se tornou desembargadora. O marido de Rosinha, ex-governador Anthony Garotinho, foi denunciado e posteriormente condenado como líder da quadrilha armada da qual Lins fazia parte [O Globo, 30/05/08]. Marcelo Itagiba, ex-subsecretário de segurança pública, também foi denunciado nas mesmas circunstâncias. Na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, diversos parlamentares movimentaram-se no sentido de proteger as milícias de possíveis represálias. Dias antes da prisão de Álvaro Lins, o deputado Natalino Guimarães conseguiu aprovar a Indicação Legislativa 214/2007, solicitando ao Executivo o envio de um projeto que legalizava as milícias sob o nome de Polícia Comunitária. Duas semanas depois, a prisão de Álvaro Lins foi revogada pelos deputados da ALERJ. Entretanto, um acontecimento adquiriu o status de divisor de águas na relativa impunidade vivida pelos milicianos dentro e fora das esferas de poder do Estado: a tortura de uma equipe de jornalistas do jornal O Dia, que fazia