RELATÓRIO FINAL DA SUBCOMISSÃO DA VERDADE NA DEMOCRACIA AS EXECUÇÕES SUMÁRIAS NO RJ | Page 87

elegeu. Dois campeões de voto nos territórios dominados pelas milícias pertenciam à cúpula de segurança do governo anterior: o ex Subsecretário de Segurança Marcelo Itagiba e o ex Chefe de Polícia Civil, Álvaro Lins. A votação mais expressiva de Itagiba, por exemplo, foi na 179ª zona eleitoral, que compreende os votos de Rio das Pedras, Cidade de Deus, Gardênia Azul e Anil. Para o juiz Walter Maierovitch, especialista em crime organizado: Ao dar apoio político a um determinado candidato, a organização criminosa poderá estar colocando condições ou pensando em receber algo em troca. No caso das milícias, elas dão apoio político pensando em expandir seus territórios. E a segurança pública é um apelo muito forte. Existe um conflito de interesses. Deveria haver uma quarentena maior para que secretários de segurança pública e chefes de Polícia Civil deixassem suas funções para se candidatarem a um cargo. (...) Na medida em que as milícias ajudem a eleger representantes nas câmaras ou nos parlamentos, a representação popular, de fato, é substituída. O crime passa a participar da vida político-institucional do Estado nos três níveis de governo: municipal, estadual e federal [O Globo, 11/02/07]. Os negócios lucrativos das milícias também estavam conectados a outras esferas de poder, como o Judiciário. Por conta da Operação Hurricane, que investigava a chamada máfia dos caça-níqueis, a Polícia Federal desmembrou uma rede formada por policiais civis, militares, federais e magistrados. Os desembargadores José Eduardo Carreira Alvim, ex-presidente do Tribunal Regional Federal, e Ricardo Regueira, também do TRF, além do Procurador da República do Rio de Janeiro, Paulo Sérgio Leal, chegaram a ser presos. Por decisão do STF foram colocados em liberdade – que não foi concedida aos outros detidos na operação [O Globo, 05/07/07]. Segundo escutas telefônicas realizadas durante a Operação Furacão, a máfia dos caça-níqueis se preparava para ampliar o espectro de seus negócios adquirindo quatrocentas vans no estado. Segundo o presidente do Departamento de Transporte Rodoviário [DETRO], Rogério Onofre, o transporte clandestino se tornara um braço do crime organizado [O Globo, 02/06/07]. De fato, segundo um relatório produzido pelo DETRO, havia inclusive um plano elaborado por um soldado e um sargento da Polícia Militar para assassinar um major da PM que havia apreendido, no início de janeiro, oito Kombis na região da Penha. O assassinato seria praticado por dois seguranças que trabalhavam nas linhas de vans controladas pelos policiais militares e foi concebido para simular um assalto. A execução, no entanto, foi evitada graças a informações que chegaram pelo Disque-