RELATÓRIO FINAL DA SUBCOMISSÃO DA VERDADE NA DEMOCRACIA AS EXECUÇÕES SUMÁRIAS NO RJ | Page 85

militares foram responsabilizados pelo crime. O tenente também era suspeito de ter deslocado um caveirão no dia da invasão para outro ponto da cidade com objetivo de dificultar uma eventual ação da polícia. [O Globo, 27/04/07]. No dia vinte e sete de julho uma operação da Polícia Militar em conjunto com a Força Nacional realizada no Complexo do Alemão teve como saldo 19 mortos e 62 feridos em um único dia. Diversos corpos apresentavam sinais claros de execução. O episódio, que ficou conhecido como Chacina do Pan, não foi um caso isolado. Estava inserido em um contexto. No final de abril, dois policiais militares foram assassinados em Oswaldo Cruz. O crime foi atribuído a traficantes da Vila Cruzeiro. Em 02 de maio a PM dá início a uma operação para prender os oito traficantes suspeitos de terem cometido o crime. Seis moradores são atingidos por balas perdidas. No dia seguinte, a polícia militar mata três pessoas e quatro moradores são baleados no fogo cruzado. No dia 04 o número de vítimas não letais por balas perdidas totalizava doze. Em 05 de maio os policiais militares atacam uma fortificação dos traficantes com explosivos por três vezes até destruí-la. No dia 06 onze moradores são baleados, inclusive uma criança de três anos. Após a 31ª vítima de bala perdida, os moradores fizeram uma manifestação que reuniu cerca de trezentas pessoas pedindo o fim da ocupação, no dia 08. No dia 21, após vinte dias de tiroteios consecutivos que resultaram em 53 moradores feridos e 16 mortos, a polícia se retira da favela. Dia 22 duzentos homens do Bope e do 16º BPM retornam ao Complexo do Alemão. Um mês de ocupação: 61 moradores feridos e 17 mortos. Em 13 de julho, completando o 43º dia de confronto, a Secretaria de Segurança Pública dá início à Operação Cerco Amplo, que conta com o apoio de 450 homens da Força Nacional.. Em 23 de julho já são 25 mortos de 67 feridos. No 58º dia de ocupação aconteceu a Chacina do Pan [O Globo, maio-julho de 2007] Três meses depois da chacina, o Secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, declarou em um seminário na Fundação Getúlio Vargas que traficantes da zona norte estavam migrando para favelas da zona sul. Segundo o Secretário, a razão era a maior dificuldade que a polícia enfrentava para fazer operações na área nobre da cidade: Buscá-los (os traficantes) na Zona Sul, no Dona Marta, no Pavão- Pavãozinho, eu (polícia) estou muito próximo da população. É difícil a