RELATÓRIO FINAL DA SUBCOMISSÃO DA VERDADE NA DEMOCRACIA AS EXECUÇÕES SUMÁRIAS NO RJ | Page 67

No relatório também há a informação de que, dos 1865 veículos utilizados no transporte alternativo controlado por esses policiais, 434 utilizam placas frias de outros estados e cerca de 30 utilizam placas de automóveis roubados. Os policiais loteiam a cidade em pontos de transporte e cobram taxas para os motoristas poderem circular. A disputa por esses pontos ensejou diversos conflitos armados com vítimas letais. Segundo o coronel Paulo Afonso, secretário de transportes da cidade: Esses policiais são os xerifes do negócio, a maioria não tem sequer frota, apenas cobra taxa para que os topiqueiros possam operar na área. Muita gente vem sendo assassinada por causa desta disputa de linhas. Estamos vivenciando a mesma situação de quando o bicho disputava pontos na cidade [O Globo, 10/12/2000]. A zona oeste da cidade passou a ocupar lugar de destaque na segunda metade da administração Garotinho. Segundo dados da Corregedoria Geral Unificada e da Ouvidoria de Polícia, ao menos dez grupos de extermínio foram identificados na região. Conforme os dados oficiais, os membros de um desses grupos, que atuariam nos bairros de Campo Grande, Bangu e Santa Cruz, andavam com adesivos nos seus carros com os dizeres “quebra, quebrou”. Na gíria das ruas, o termo “quebra” é utilizado como sinônimo de matador. Quando essas denúncias foram publicadas em meados do ano 2000, Campo Grande era o recordista de homicídios na cidade. Segundo noticiado, a Zona Oeste e a Baixada Fluminense teriam sido loteadas pelas corporações, ficando acertado que a primeira ficaria com os policiais civis e agentes penitenciários enquanto a outra com policiais militares. À época, a Polícia Civil investigava a participação de delegados e detetives em grupos de extermínio, entre eles Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, vereador pelo PMDB [O Globo, 17/09/2001]. Segundo declarações da Corregedora-Geral, procuradora Celma Alves, que constam na mesma reportagem: As denúncias que chegam são repassadas às corregedorias internas e temos cobrado soluções. O que observamos é que há uma tentativa de os homicídios ficarem sem esclarecimento e serem arquivados. Os grupos de extermínio com policiais acabam se beneficiando com isso e continuam agindo. A guinada autoritária do governo Garotinho após a saída de Luiz Eduardo soares da cúpula de segurança pública constitui um antes e um depois não só do ponto de vista dos antagonismos entre a segurança cidadã de Luiz Eduardo e o retorno à segurança pública nos moldes de mero enfrentamento da criminalidade. O antes e o depois