RELATÓRIO FINAL DA SUBCOMISSÃO DA VERDADE NA DEMOCRACIA AS EXECUÇÕES SUMÁRIAS NO RJ | Page 15

domicílios. Nos batalhões, o uso da força passou a ser regido por padrões internacionais estabelecidos pela Organização das Nações Unidas – que foram traduzidos do inglês e incluídos nas Notas de Instrução das unidades e nos cursos de profissionalização policial. Além disso, Brizola extinguiu a promoção por bravura – que seria reeditada, anos depois, durante o governo Marcelo Alencar, sob a forma de “premiação”. Por razões evidentes, tal critério de promoção estimulava grandes distorções na conduta da corporação e incidia com impactos brutais nas execuções sumárias praticadas pela polícia com fito de obter promoções. Contudo, a relação de Brizola com as polícias não se passava apenas no plano das interdições. Uma das metas de sua política de segurança era a valorização do policial tanto quanto do serviço que prestava à sociedade. Brizola investiu na assistência jurídica e na reabilitação dos policiais envolvidos em situações de violência, criando, em convênio com a Defensoria Pública, um Programa de Assistência Judiciária, e uma Associação de Reabilitação da Polícia Militar. Ainda em seu primeiro ano de mandato, um psicólogo, professor da Fundação Getúlio Vargas, foi contratado para trabalhar a nova mentalidade dos policiais militares. Segundo Cerqueira, em reportagem ao jornal O Globo de 21/05/83, Vamos colocar na cabeça dos nossos homens a ideia de que a função da corporação é muito mais preventiva do que repressiva. É preciso acabar com a crença de que o marginal deve morrer, que o bandido deve ser torturado. Esse entendimento não é só do público interno da PM, mas também se disseminou junto ao público externo. Queremos questionar isso e provar que a PM pode produzir mais e melhor se cumprir os seus deveres respeitando os direitos humanos, defendendo as instituições e protegendo a sociedade. A pressão exercida sobre o governo Brizola pela imprensa, no entanto, recaía sobre questões relativas ao patrulhamento ostensivo, maior contingente policial nas ruas, mais viaturas e armas, em franco apelo ao modelo de segurança que o estado sempre experimentara. Demandas que eram retratadas à luz de uma intensa cobertura sobre a violência, que aumentava ainda mais a sensação de insegurança entre a população. Ao longo do seu primeiro mandato Brizola tentou responder em parte essa demanda, quase sempre com certa dose de improviso e inventividade. Construiu torres de segurança para observação da PM, colocou à disposição da sociedade o custeio de cabines de segurança