RELATÓRIO FINAL DA SUBCOMISSÃO DA VERDADE NA DEMOCRACIA AS EXECUÇÕES SUMÁRIAS NO RJ | Page 115
militares e outros dois homens a mando de Oliveira estariam no carro usado na
execução. Tanto Siciliano quanto Orlando de Curicica negam as acusações. O delator
também afirmou que o assassinato de um líder comunitário que trabalhara como
assessor de Siciliano, Alexandre Pereira, o Alexandre Cabeça, em 8 de abril, teria sido
“queima de arquivo”. Segundo informações do jornal Folha de São Paulo, ele estaria em
um churrasco na rua quando dois homens se aproximaram em uma moto. O homem da
garupa teria disparado vários tiros. O vereador Siciliano havia sido ouvido pelos
investigadores do caso Marielle poucos dias antes do assassinato de Alexandre Cabeça.
Além disso, o delator também afirmou que o assassinato do policial militar reformado
Anderson Claudio da Silva, em 10 de abril, também teria sido “queima de arquivo”. A
divulgação desse depoimento, segundo a polícia, teria atrapalhado o regular do
inquérito.
Em novembro de 2018, numa decisão controversa, o Jornal O Globo foi judicialmente
proibido de divulgar quaisquer informações sobre a morte de Marielle. No entanto, a
demora na resolução do caso e a falta de informações por parte da polícia já vinha sendo
criticada. Para órgãos internacionais, como a Anistia Internacional, sigilo não deve ser
confundido com silêncio absoluto das autoridades e instituições públicas sobre o caso,
já que o cenário de desinformação gera ainda mais medo e insegurança. Mesmo por
isso, a própria organização propôs a criação da uma comissão externa, fora do aparato
estatal, formada por especialistas, peritos e juristas, que possa acompanhar as
investigações sem nenhum tipo de conflito de interesse (Jornal El Pais, 22 de julho de
2018). Essa comissão se somaria à comissão formada pela Câmara dos Deputados feita
para controlar o trabalho da polícia.
Em 24 de julho de 2018, dois suspeitos de integrarem a milícia de Orlando Curicica
foram presos, o policial reformado Alan Nogueira, o cachorro louco, e o ex-bombeiro
Luis Claudio Barbosa. No entanto, a prisão dos dois estaria relacionada à morte de um
PM e um ex-PM em Curicica, em fevreiro de 2017, à mando de Curicica. O que liga as
prisões ao caso Marielle é o depoimento da testemunha acima citado. De acordo com
ela, Cachorro Louco também estaria no carro que interceptou o veículo de Marielle. A
polícia civil, no entanto, não confirma que os dois suspeitos também estejam sendo
investigados pela morte de Marielle e Anderson.