RELATÓRIO FINAL DA SUBCOMISSÃO DA VERDADE NA DEMOCRACIA AS EXECUÇÕES SUMÁRIAS NO RJ | Page 110

complementam estes dados. O documento identificou seis grandes eixos de violações: domicílio, abordagem, letalidade do estado, operação policial e impactos. No tocante ao domicílio, foram registradas: invasões a domicílios, roubo e furto de bens, danos ao patrimônio, consumo e avaria de alimentos, violência sexual e ocupação de imóveis. Quanto às abordagens, foram identificadas: ausência de identificação, extorsão, agentes sob efeito de drogas, violações contra crianças, proibição de filmagem e vasculha de celulares, ameaças, agressões físicas e fichamentos ilegais. No que diz respeito à letalidade do Estado, ocorreram chacinas, execuções sumarias, alterações de cena e impedimento de prestação de socorro. No âmbito das operações policiais, o relatório registra o uso de aeronaves e drones, a destruição de veículos, disparos a esmo, operações em horariop escolar, interrupção de festas e eventos, presença de agentes descaracterizados e prisões por flagrante forjado. Quanto aos impactos, o documento demonstra a ocorrência de traumas psicológicos, suspensão de serviços públicos, restrição à circulação, incitação à disputa entre grupos rivais, perseguição a egressos e a lideranças sociais 7 . O caso Marielle e Anderson Como salientado anteriormente, em 16 de fevereiro de 2018, o Presidente Michel Temer outorgou o Decreto nº 9.288 que instituiu a intervenção federal no Estado do Rio de Janeiro. Fundamentada no inciso III, do art. 34 da Constituição Federal, era a primeira vez na história da democracia brasileira que uma intervenção federal deste tipo era decretada no âmbito de qualquer ente federativo. Sob a justificativa constitucional de “pôr termo a grave comprometimento da ordem pública”, o decreto, ainda vigente na data de publicação deste relatório, foi assinado às pressas após uma reunião emergencial entre lideranças políticas estaduais e federais, limitando-se, apenas, à área de segurança pública estadual. O General do Exército Walter Souza Braga Netto foi nomeado interventor federal e assumiu o comando das forças de segurança estaduais, incluindo Polícia Militar, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros, além do Sistema Penitenciário. Um orçamento de mais de um bilhão de reais foi imediatamente liberado ao Estado do Rio 7