RELATÓRIO FINAL DA SUBCOMISSÃO DA VERDADE NA DEMOCRACIA AS EXECUÇÕES SUMÁRIAS NO RJ | Page 103

presas em uma operação da polícia, acusadas pelos mesmos crimes de 2012. Mas Por ordem do Tribunal de Justiça, foram colocados em liberdade por conta da demora em serem julgados. A decisão do Tribunal de Justiça custou ao menos dez vidas. E a obstrução de diversas investigações contra o grupo. Segundo relatado: De acordo com o delegado Capote, o grupo também assassinava pessoas que dessem informações à polícia sobre as atividades dos milicianos. Foram mortas, desde 2010, dez testemunhas ou informantes da polícia que atuavam no caso. – A situação da segurança pública em Duque de Caxias beirava o caos, principalmente pela audácia desta milícia. Desde que 25 deles foram soltos, no fim do ano passado, percebemos um aumento significativo dos homicídios na região. E, no mesmo período, três testemunhas que figuravam nas denúncias, além de um PM que colaborou com as investigações, foram assassinados – afirmou o promotor Décio Alonso Gomes, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Estado do Rio (Gaeco), que também participou da operação [O Globo, 08/03/12]. De acordo com os resultados da pesquisa No sapatinho: a evolução das milícias no Rio de Janeiro (2012), coordenada por Ignacio Cano, os milicianos vinham agindo de forma cada vez mais discreta desde os resultados apresentados pela CPI das Milícias, quando sua condição de crime organizado foi enfim desvelada. As práticas ostensivas, do porte de armas aos assassinatos, foram abandonadas em detrimento de um comportamento mais velado. Uma das facetas mais preocupantes dessa nova conduta seria a ocultação de cadáver, adotada pelas milícias como prática alternativa às execuções à luz do dia que marcaram por tantos anos o seu estilo de ação. De fato, dados do Instituto de Segurança Pública revelavam à época que os desaparecimentos haviam aumentado 10% em todo o estado. Nas áreas controladas por milícias a ocorrência subiu 30%. Enquanto a milícia passava a agir discretamente, a polícia, por sua vez, retornou a agir com letalidade explícita nas favelas do Rio de Janeiro, recuperando o sentido das declarações que o Secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, prestou ainda no primeiro ano de mandato de Sérgio Cabral: “um tiro em Copacabana é uma coisa, na Coréia, no Alemão, é outra”. No dia 11 de maio de 2012, uma perseguição do Serviço Aeropolicial [SAER] ao traficante de drogas conhecido por Matemático, na favela da Coréia, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, resultou na morte do criminoso. O carro de Matemático foi perseguido pelo helicóptero da Polícia Civil pelas ruas da comunidade e em pouco mais de um