RELATÓRIO FINAL DA SUBCOMISSÃO DA VERDADE NA DEMOCRACIA AS EXECUÇÕES SUMÁRIAS NO RJ | Page 102
exerciam sua atividade policial forjando autos de resistência para as vítimas que
assassinavam. Segundo noticiado pelo jornal O Globo em 30/20/11:
O grupo estaria envolvido em 30 casos de resistência forjados, em que
inocentes foram mortos. O inspetor é responsável pelo setor de
homicídios da 72ª DP (São Gonçalo) e investigava há dois anos os autos
de resistência registrados pelo 7º BPM (São Gonçalo).
Segundo documento reservado da Coordenadoria de Inteligência da Secretaria de
Segurança Pública, estaria em curso, à época do assassinato de Patrícia, um plano para
executar o então deputado estadual Marcelo Freixo, que presidiu a CPI das Milícias. De
acordo com a investigação, os milicianos da Liga da Justiça, na Zona Oeste, com
atuação em Campo Grande, já tinham levantado a rotina de Marcelo, inclusive os
horários em que ele dispensava os seguranças. O crime foi encomendado pelo ex-
policial militar Tony Ângelo de Aguiar, chefe da milícia supracitada, ao ex-cabo da
Polícia Militar Carlos Ary Ribeiro, o Carlão, que receberia 400 mil reais para realizar o
serviço. O miliciano havia fugido do Batalhão Especial Prisional [BEP] em setembro
de 2010 em condições mais que suspeitas. Segundo noticiado:
Carlão fugiu do BEP menos de 24 horas após a Polícia Civil e a
Secretaria de Segurança desencadearem uma operação contra a milícia da
Zona Oeste. Na ocasião, 19 pessoas foram presas. O nome de Carlão
figurava entre os que tiveram mandados de prisão expedidos pela Justiça.
No caso do ex-PM, a determinação era para que fosse transferido do BEP
para Bangu 8. Carlão, entretanto, fugiu da unidade prisional da PM antes
de a mudança ser concretizada. Na ocasião, o então corregedor da PM,
Ronaldo Menezes, disse que o ex-cabo escapou de sua cela pelo buraco
do ar-condicionado, mas não explicou como o aparelho foi recolocado no
local [O Globo, 10/10/11].
Três meses depois de substituir o tenente-coronel Cláudio Luiz no 7º BPM, o coronel
Djalma Beltrami foi preso acusado de receber propina para não reprimir o tráfico de
drogas no Morro da Coruja, em São Gonçalo. Por ordem do Tribunal de Justiça, foi
colocado em liberdade poucos dias depois [O Globo, 22/12/11].
Na Baixada Fluminense, em março de 2012, dezesseis pessoas foram presas acusadas de
pertencer a uma milícia de Duque de Caxias. Eles eram procurados por extorsão,
contrabando de armas, agiotagem, venda ilegal de gás, distribuição ilegal de TV a cabo,
imposição de serviços de segurança, entre outros crimes. Entre os presos, onze policiais
militares, um fuzileiro naval e um ex-PM. Em 2010, as mesmas pessoas haviam sido